Comexport compra a operação da Cisa Trading

Goldlust, CEO da Comexport: “Os grandes clientes passaram a enxergar que precisam de um grande prestador” — Foto: Divulgação
Goldlust, CEO da Comexport: “Os grandes clientes passaram a enxergar que precisam de um grande prestador” — Foto: Divulgação

Valor Econômico – A Comexport, uma das maiores empresas de comércio exterior do país, vai comprar a operação da Cisa Trading. O negócio envolverá a transferência de clientes e time de funcionários da Cisa ao grupo concorrente, em um processo que deverá durar até dois anos. O valor não foi divulgado, mas segundo fontes do mercado o pagamento deverá ficar entre R$ 150 milhões e R$ 180 milhões, a depender do sucesso da transição.

A Cisa é dirigida pelo empresário português Antonio Pargana, que também é seu acionista. Ele tem como sócios o empresário capixaba Fernando Camargo e a Coimex (da família capixaba Coser). O grupo de acionistas da Cisa tem um amplo portfólio de investimentos. Um deles é uma fatia de 30% da BCR, empresa criada para operar a concessão Brisa de 1,1 mil km em 11 autoestradas em Portugal, e que registrou 501 milhões de euros de resultado operacional em 2020.

“O comércio exterior é uma área de trabalho insano”, disse Pargana ao Valor, destacando que no Brasil ainda há um desafio adicional por causa de burocracias. “Por outro lado, queremos crescer mais em energia, em estradas e outros serviços em que atuamos”, disse, apontando a lógica de vender o negócio de trading company para a Comexport. Entre as empresas que Pargana é acionista estão a Companhia Energética de Petrolina e a Quanta Geração.

A atuação da Cisa é direcionada sobretudo à importação de bens manufaturados, vindos de países da Ásia e da Europa. Segundo o executivo, o lucro líquido da empresa rondava a casa dos R$ 70 milhões por ano.

Juntas, Comexport e Cisa devem responder por um volume de negócios de R$ 20 bilhões ao ano, disse Alan Goldlust, CEO da Comexport. Esta é responsável por importar cerca de 20% dos veículos prontos que entram no Brasil. Um dos clientes é a Volvo.

A Comexport responde por cerca de 1% da importação brasileira. No total, são cerca de 28 mil empresas no Brasil que atuam no segmento de importação e exportação. No seu escopo de atuação está também o transporte de produtos têxteis, farmacêuticos, químicos e siderúrgicos.

Goldlust afirmou que, assim como na Cisa, o foco do grupo que comanda não é brigar por preço, mas entregar um resultado ao cliente que justifique a operação. “Os grandes clientes passaram a enxergar que precisam de um grande prestador”, disse o executivo, apontando os desafios para logística de produtos de maior valor agregado como carros de luxo.

O negócio, segundo Goldlust, já contou com a aprovação por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Parte do processo agora é levar os clientes da Cisa para a Comexport, entre eles estão Porsche, L’Oréal e Toyota.

No portfólio de cada uma das empresas há cerca de 120 clientes distintos. Parte da lógica da operação está em reduzir custos ao conseguir atender a um maior grupo de parceiros.

Segundo Pargana, o foco agora é trabalhar na transferência do negócio. “Vamos trabalhar para levar nossos clientes à Comexport. Já estamos em contato com praticamente todos”, disse. Os valores a serem pagos aos acionistas da Cisa, por sinal, vão depender do sucesso dessa transferência.

Em meio à crise sanitária no mundo, causada pela covid-19, alguns mercados, onde a vacinação está avançando, começam a fase de retomada da economia e que tem imposto também desafios ao setor de logística. “O que a gente enxerga é que essa desorganização das cadeias produtivas, que aconteceu no início, agora com a aceleração da demanda o problema é o mesmo”, disse o CEO da Comexport, em referência aos desafios enfrentados pelos clientes.

“As cadeias estão desorganizadas. Vemos isso em indústrias como de chips, e os nossos clientes estão tendo problemas. Está faltando matéria prima”, diz. Esse desequilíbrio nas cadeias acabou até ajudando, de certa maneira, a Comexport pois a demanda por um serviço mais integrado, embora mais caro, cresceu.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/06/15/comexport-compra-a-operacao-da-cisa-trading.ghtml

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