O apetite voraz da CCR

Luís Valença - Diretor de Mobilidade Urbana do Grupo CCR
Luís Valença - presidente da CCR Mobilidade, divisão de Mobilidade Urbana da CCR.

Vencedora com uma outorga de R$ 980 milhões no leilão das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da CPTM, a CCR mostrou – em plena pandemia – o nível do apetite que tem no setor de mobilidade urbana. O grupo, que já opera as linhas 4-Amarela e 5-Lilás do Metrô de São Paulo, o VLT Carioca, no Rio de Janeiro, e o Metrô de Salvador, na Bahia, adicionou 73 km de linhas ao seu portfólio, ocupando a confortável posição de maior operadora privada de trens de passageiros do Brasil. Se a demanda voltar aos níveis prépandemia, o grupo passará a transportar cerca de 3 milhões de usuários/dia em 150 km de linhas metroferroviárias pelo país.

A aquisição das linhas da CPTM foi encarada como um passo estratégico para outro projeto que a empresa almeja, o Trem Intercidades, que pretende ligar São Paulo a Campinas. Trata-se de uma Parceria Público-Privada do governo de São Paulo, que, a princípio, englobaria também a concessão da Linha 7-Rubi da CPTM. Embora esteja no radar de discussões da secretaria de Transportes Metropolitanos, ainda não há nenhum prazo definido para consultas públicas e lançamento do edital.

Enquanto o Trem Intercidades não entra nos trilhos, a CCR foca nas melhorias que precisa fazer nas linhas recém-conquistadas. Pelo contrato, serão R$ 3,3 bilhões em investimentos nos próximos 30 anos, praticamente metade desse valor aplicado na compra de 34 novos trens para as duas linhas, que contarão com uma frota total de 61 trens e 464 carros. À medida em que as novas composições forem chegando, a CPTM irá remanejar para outros trajetos os trens mais antigos. Uma parte deles (27), no entanto, permanecerão operando nas linhas agora privadas.

A compra dos novo trens é uma boa notícia para uma indústria castigada pela falta de grandes encomendas nos últimos oito anos. O diretor de Mobilidade Urbana do Grupo CCR, Luís Valença, diz que as conversas com o mercado fornecedor já começaram, mas mantém segredo. “O prazo para fabricação é muito curto. É claro que já temos um plano detalhado, pronto para ser executado e vamos revelar isso em breve”, afirmou o executivo.

As linhas 8 e 9 vão contar com reformas em 35 estações e, se a demanda aumentar, há previsão de outras melhorias, como no sistema de sinalização, para impactar o headway. O foco principal, segundo Valença, continuará sendo o mesmo que a companhia busca nos outros sistemas que opera: melhorar a experiência dos passageiros. “Queremos que o trem metropolitano adquira definitivamente e de forma acelerada a qualidade do metrô de São Paulo”, ressalta.

Para além desses investimentos, a CCR assinou recentemente com o governo de São Paulo um termo aditivo ao contrato da ViaMobilidade (que opera a Linha 5-Lilás e vai operar também as linhas 8 e 9 da CPTM) que viabiliza o aporte de recursos por parte da concessionária para projetos de expansão. O primeiro deles será a extensão da Linha 5 até Jardim Ângela. E de onde vem esse fôlego financeiro do grupo?

“Já vínhamos nos preparando há muito tempo para esse grande ciclo de investimentos, mas veio a pandemia, os projetos atrasaram. Tomamos uma série de medidas para garantir a preservação de caixa. Não há nenhuma mágica, é manutenção e aproveitamento da disciplina de capital”, finaliza Valença.

“É um momento muito rico que a CCR está vivendo dentro do seu planejamento estratégico de crescimento da divisão de mobilidade.”

Luis Valença – presidente da CCR Mobilidade, divisão de Mobilidade Urbana da CCR.

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