Valor Econômico – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou, em comunicado, ter realizado a primeira estruturação de debêntures de infraestrutura, ao participar da emissão total da Gás Natural Açu (GNA), de R$ 1,8 bilhão. A emissão conta ainda com o BTG Pactual como coordenador-líder, além do BNP Paribas, do Bradesco e do ABC Brasil como coordenadores no sindicato de bancos da operação.
A GNA é uma joint-venture formada pelas companhias Prumo Logística, BP, Siemens e SPIC Brasil, voltada projetos sustentáveis de energia e gás. Em nota, o BNDES detalhou que ação do banco faz parte de estratégia de atuar em parceria com o mercado de capitais, com objetivo de incentivar e alavancar potencial impacto dos empréstimos.
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Além disso, a instituição de fomento detalhou, no comunicado, ter investido R$ 550 milhões nas debêntures incentivadas para a UTE GNA I, usina térmica a gás natural, localizada no Porto do Açu, em São João da Barra, no Norte do Estado do Rio de Janeiro.
No informe sobre a estruturação, o BNDES destacou ter sido a primeira participação do banco em uma escritura de debêntures de infraestrutura e, assim, chancelando emissão de forma a atrair mais investidores para co-financiar o projeto, no entendimento da instituição.
O banco lembrou que, em 18 de maio deste ano, o colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorizou o BNDES a participar do sistema de distribuição de valores mobiliários prestando serviços de estruturação, coordenação e distribuição desses ativos.
Ao detalhar a operação, o banco informou que a operação foi estruturada no âmbito do produto BNDES Debêntures Sustentáveis e de Infraestrutura. Esse programa visa à alocação de capital de longo prazo em investimentos verdes, de infraestrutura ou que contribuam para o atingimento das metas de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas.
No caso das debêntures da GNA, essas terão prazo total de 18 anos e serão remuneradas a IPCA mais 5,92% ao ano. O prazo total supera em 58% a média dos prazos dos títulos emitidos em 2020 (11,6 anos), de acordo com Boletim Informativo de Debêntures Incentivadas do Ministério da Economia.
Informações apuradas pelo BNDES citam detalhes do projeto GNA I, que tem 1.338,3 MW de potência, volume suficiente para suprir a necessidade de cerca de 6 milhões de domicílios, de acordo com cálculos citados pelo banco. Durante a fase de implantação, os empreendimentos da GNA empregaram mais de 12 mil pessoas, sendo grande parte da população local, prossegue o banco, no comunicado.
De acordo com o BNDES, a operação também representa um esforço de refinanciamento do empreendimento, que já contou com créditos de R$ 1,76 bilhão do BNDES, com garantias do banco alemão KfW IPEX-Bank, e de US$ 288 milhões da International Finance Corporation (IFC), em 2018. Com a nova transação, o IFC deixa a base de credores do projeto, informou o banco.
Para a companhia, a operação também representa um alongamento da dívida em cinco anos, até 2039, a um custo menor, informou o BNDES.
Uma menor parte dos recursos obtidos com a emissão também será alocada em despesas relativas à construção da usina e em custos da transação, acrescentou o banco.
No informe, a diretora de Finanças do BNDES, Bianca Nasser, afirmou que o banco pretende viabilizar mais operações via debêntures “dando maior oportunidade do mercado acompanhá-lo nos investimentos realizados”.
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