Valor Econômico – A Previ, maior fundo de pensão do Brasil, precisa calibrar sua estratégia de diversificação ao mesmo tempo em que prepara a migração de ativos de renda variável para renda fixa. Os ativos em bolsa, em especial a Vale, ainda representam uma fatia expressiva dos investimentos da fundação. O comando dessa complexa tarefa cabe, agora, ao novo presidente, Daniel Stieler, que assumiu o cargo em junho. “A Vale é nossa joia da coroa nesse momento”, disse o executivo, em entrevista ao Valor.
Neste ano até maio, a mineradora tem ganhos de quase 37% na B3. No mesmo período, o principal plano da Previ, o Plano 1, de benefício definido, tem resultado positivo de R$ 28,8 bilhões. O maior ganho, do segmento de renda variável, foi de 21,4%.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
“Queremos aproveitar as oportunidades da Vale ao longo do tempo. A média é sempre o ponto mais interessante do que buscar os pontos fora da curva. A melhor oportunidade é aquela em que você desenha na sua estratégia, e é preciso ser fiel a ela”, afirmou Stieler, que deixou o comando do Economus, fundo de pensão do banco Nossa Caixa para assumir o comando da Previ.
A estratégia que a Previ vem perseguindo é a chamada “imunização da carteira”, em busca de maior segurança, para o Plano 1, que concentra as maiores participações e já tem mais aposentados do que funcionários na ativa. Ou seja, é um plano já maduro.
“O quanto vamos utilizar, não só de Vale, mas de toda carteira de renda variável, vai depender das oportunidades. A Vale no nosso entendimento está num preço excelente”, afirmou.
Venda e diversificação de ativos
A venda dos ativos já é dada como certa, mas o executivo não revela nem quando nem a que preço. O fato é que a Previ já vem fazendo vendas. Desde 2018, já foram realizadas vendas de participações de 29 empresas, incluindo da mineradora.
“Desde 2018 já reduzimos em mais de R$ 35 bilhões a nossa exposição. Estamos fazendo isso de forma cautelosa, mirando no longo prazo, como é o nosso perfil”, disse Stieler. Este ano, a entidade já comprou R$ 20,71 bilhões em títulos públicos atrelados à inflação, as NTN-Bs.
Em outra frente está a estratégia de diversificação de ativos e mais dinamismo do portfólio. O objetivo, segundo o executivo, é fazer mais negociações, com valores menores, em busca de oportunidades de mercado. Os planos miram investimentos como alocações no exterior, fundos multimercado e ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) que possam surgir neste segundo semestre.
A entidade aplicou R$ 1 bilhão em IPOs na primeira metade do ano — Petz, Rede D’Or, Caixa Seguridade, Grupo Mateus e Quero-quero. A intenção é aplicar outros R$ 2 bilhões até o final do ano, se surgirem oportunidades realmente interessantes.
Seja o primeiro a comentar