Valor Econômico – A Invepar retomou o processo para buscar um investidor para o Aeroporto de Guarulhos, apurou o Valor. O banco Goldman Sachs, que tem o mandato do negócio, já começou a prospectar potenciais interessados em fazer um aporte acima de R$ 1 bilhão. Fontes de mercado afirmaram que a gestora de hedge fund Farallon e a CCR avaliam o ativo.
As conversas estão em estágio inicial, segundo pessoas a par do assunto. O banco de investimento tem prospectado, nas últimas semanas, potenciais investidores para a Invepar.
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Apesar do baque sofrido durante a pandemia, o aeroporto de Guarulhos é visto como um dos principais ativos do setor de infraestrutura no país e, portanto, muito atraente a investidores.
A atual concessão, que vai até 2032, é controlada pela Invepar, com 51% das ações. O grupo South Africa Airports Company detinha uma fatia minoritária no negócio, mas a empresa se desfez da participação em julho deste ano, devido a uma diretriz global do grupo sul-africano para enxugar as operações em meio à crise. Os demais 49% são da Infraero.
Hoje, a Invepar – criada por três fundos de pensão estatais mais a antiga OAS – tem quatro acionistas, cada um com cerca de 25%: Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa), além do fundo Yosemite, que reúne as ações que eram da empreiteira e que foram passadas aos credores em 2018 na recuperação judicial.
Antes da pandemia, a Invepar já vinha buscando alternativas para se reestruturar, voltar a crescer e tentar aproveitar o atual ciclo de oportunidades no setor de infraestrutura. Porém, a crise atual impactou duramente os negócios do grupo. Além disso, a avaliação do mercado é que, com a saída da OAS, a empresa ficou acéfala, sem um acionista com visão estratégica para a expansão.
Outro problema é que, com o quadro atual de sócios, não há espaço para injeção de capital, explicam fontes a par do assunto. O FIP Yosemite, formado por “fundos abutres”, não tem qualquer intenção de colocar capital na empresa. Isso limita aportes dos fundos de pensão, que têm restrições internas e não podem ultrapassar a participação de 25% no negócio. Por isso, a entrada de um novo sócio forte já era vista como uma saída interessante.
A companhia chegou a receber algumas propostas firmes de aquisição no aeroporto de Guarulhos, como da gestora IG4 Capital, mas nenhuma avançou – em grande parte, por resistência dos fundos de pensão em relação ao preço oferecido à época. Hoje, as conversas já não existem mais.
O Farallon, um dos possíveis interessados no negócio, já tem um histórico no setor de infraestrutura. Além de ter participação nas operações da Invepar, a gestora assumiu por um período a Rota das Bandeiras, concessão rodoviária que era da Odebrecht. A participação, porém, foi vendida ao Mubadala no início deste ano.
Já a CCR vive um momento de expansão no setor aeroportuário. Neste ano, o grupo adquiriu 15 aeroportos no leilão realizado pelo governo federal, e se tornou um dos principais operadores privados do segmento no país. Recentemente, os executivos da companhia afirmaram que o plano é seguir expandindo os ativos aeroportuários, tanto por meio de leilões quanto via aquisições.
A busca de novo investidor se dá em meio à conclusão do processo de reestruturação da Invepar. A empresa, que também reúne concessões de rodovias e mobilidade urbana, carrega uma dívida praticamente impagável desde antes da pandemia. Com a atual crise, que afetou em cheio seus negócios, a situação se agravou. A solução foi transferir aos credores dois ativos importantes: o MetrôRio e a Linha Amarela (Lamsa).
Na prática, o acordo de reestruturação irá dividir a companhia em duas. A primeira será a própria Invepar, que ficará basicamente com o aeroporto de Guarulhos e algumas operações de menor porte, mas com uma situação financeira equacionada.
A segunda empresa será formada a partir da transferência das concessões do MetrôRio e da Lamsa, e terá como acionistas os credores da Invepar, como o Mubadala, a Farallon, além dos três fundos de pensão que também são acionistas da Invepar.
A partir do acordo, que deverá ser finalizado em setembro, a expectativa é que ambas companhias terão potencial de crescimento. A nova empresa, que terá MetrôRio e Lamsa, nasce com o trunfo da presença de acionistas fortes, com poder de investimento, como o fundo dos Emirados Árabes, o Mubadala. Além disso, os ativos no Rio de Janeiro são considerados interessantes, embora neste momento estejam bastante desvalorizados pela crise.
O MetrôRio foi muito impactado pela redução de passageiros durante a pandemia. A Lamsa ainda vive o impasse judicial em torno da tentativa de encampação da concessão pela prefeitura do Rio. A princípio, a anulação do contrato foi revertida, mas o caso ainda aguarda definição do Supremo Tribunal Federal (STF).
Procurados pela reportagem, Invepar, Farallon e CCR não quiseram comentar o assunto. O Goldman Sachs também não quis se pronunciar sobre o tema.
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