Queda do minério tira brilho da siderurgia

Valor Econômico – Depois de resultados históricos puxados pela alta do minério de ferro e do aço, o setor de mineração e siderurgia foi um dos destaques negativos da temporada do terceiro trimestre que terminou na semana passada.

De acordo com o levantamento feito pelo Valor Data, o lucro líquido das empresas de mineração e siderurgia caiu 44% na comparação com o segundo trimestre, enquanto a receita recuou 16%. No entanto, ainda houve crescimento na comparação com o terceiro trimestre de 2020. O lucro líquido subiu 81% e a receitas, 31%. Sobre 2019, houve uma alta expressiva de 309% nos lucros e de 76% nas receitas.

A queda entre o segundo e o terceiro trimestres reflete a forte desvalorização do minério de ferro negociado na China entre julho e setembro. No dia 30 de junho, a commodity era cotada a US$ 214,08 a tonelada no Porto de Qingdao. No dia 30 de setembro o valor estava em US$ 119,23 a tonelada, queda de 44% no período.

O preço médio da tonelada realizado pela Vale no terceiro trimestre foi de US$ 126,7 a tonelada, uma queda de 31% ante o período imediatamente anterior. Outras empresas com produção de minério de ferro, como Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Usiminas, também tiveram retrações semelhantes.

Ainda assim, os números do minério ainda se mantêm num patamar elevado quando comparados com o terceiro trimestre de 2020, o que sugere que pode ter havido apenas uma correção.

A tendência, para Jennie Li, estrategista de ações da XP, é o preço se estabilizar, fazendo com que no quarto trimestre a oscilação ante julho a setembro seja mais moderada.

“Grande parte dos analistas já via o minério ao fim de 2021 entre US$ 120 e US$ 130 a tonelada”, diz Jennie. “Atualmente, a cotação está mais perto disso. Mas ainda teremos volatilidade até o começo de 2022 pelo menos por causa dos problemas vindos da China.”

Com a proximidade das Olímpiadas de Inverno, que serão realizadas em Pequim no início do próximo ano, o governo chinês já há alguns meses vem coibindo a produção da indústria siderúrgica do país para conter a emissão de gases poluentes. Com isso, a demanda pelo minério de ferro cai, deixando seus preços pressionados, diz Jennie.

Se por um lado a Vale ainda consegue segurar seus resultados por causa de sua escala e ao reduzir a oferta de minério no mercado, CSN e Usiminas compensaram com desempenhos recordes no segmento de aço que ajudaram a mitigar um recuo mais forte nos números. Gerdau, que atua somente na produção de aço, também apresentou resultados fortes.

A Usiminas obteve uma produção de 1,18 milhão de toneladas de aço no terceiro trimestre, alta de 27% na comparação anual. A receita líquida por tonelada vendida foi R$ 6.670, marca 13,4% superior ao segundo trimestre. A CSN vendeu 982 mil toneladas, queda de 23% na comparação anual, em uma estratégia de dar prioridade à preservação de margens, fazendo com que o preço médio no mercado interno subisse 20% ante o segundo trimestre.

Já Gerdau se beneficiou do aquecido mercado americano, impulsionado pelo novo pacote de infraestrutura do governo, além da retomada da demanda no Brasil, o que impulsionou sua receita consolidada em 74% no terceiro trimestre, para R$ 21,32 bilhões.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/11/22/queda-do-minerio-tira-brilho-da-siderurgia.ghtml

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