G1 – A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) arrecadou R$ 26,2 milhões no primeiro leilão de inservíveis do ano, encerrado na terça-feira (29). O valor é 37,1% maior do que o previsto para a edição.
Dentre os 103 lotes (itens ou conjuntos de itens) disponíveis para serem leiloados na plataforma online, 97 foram arrematados. Os interessados tiveram 19 dias para darem seus lances e cobrir propostas mais elevadas.
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Somente neste primeiro leilão de 2022, a companhia conseguiu 98,4% do valor arrecadado em três leilões ao longo do último ano, que renderam ao todo R$ 26,6 milhões para os cofres da CPTM.
Nesta edição, a venda de “sucata ferrosa de via permanente” foi a mais lucrativa do leilão, resultando em 60% da quantia total obtida ou R$ 15,8 milhões. São classificados dessa forma uma série de itens compostos de ferro que já fizeram parte do sistema de trens metropolitanos, mas que, por algum motivo, não podem mais ser utilizados, como, por exemplo, parafusos desgastados que tiveram de ser substituídos.
De acordo com Leandro Capergiani, gerente de logística da companhia e um dos coordenadores do leilão de inservíveis, a maior parte dessa sucata é aproveitada pela indústria siderúrgica, por conta da falta de matéria-prima de ferro no mercado.
Ele explica que a busca pelo material aumentou desde que houve a diminuição da extração do minério de ferro no começo da pandemia, por vários países, em razão dos lockdowns.
A guerra na Ucrânia é outro fator que, segundo Capergiani, explica a indisponibilidade da matéria-prima, uma vez que as siderúrgicas europeias têm grande dependência do gás vindo da Rússia para processar os minérios explorados.
“Quando a gente coloca esses materiais de novo no ciclo da cadeia produtiva, estamos ajudando na preservação do meio ambiente, por não ter uma extração de minério de ferro nova. A gente tem uma economia muito grande para o meio ambiente com relação a isso”, afirmou o porta-voz.
Trilhos ferroviários que já não cumprem com as condições de segurança da CPTM foram responsáveis pela arrecadação de R$ 7,9 milhões, 30% do total. Além de serem úteis para a indústria siderúrgica, que pode realizar um processo de reciclagem, eles também podem ser utilizados em ferrovias que tenham requisitos de operação diferentes das de trens metropolitanos, como as de transportes de carga e as de trens turísticos.
Os dormentes de madeira, como são chamadas as peças nas quais são fixadas os trilhos do sistema ferroviário, renderam uma quantia de R$ 1,3 milhão. Segundo a companhia, eles costumam ser utilizados principalmente pela indústria de móveis ou por segmentos como o de decorações, que trabalha com o reuso de materiais.
Também foram leiloadas duas composições (vagões), mas o valor pelo qual foram adquiridos não foi divulgado. O gerente de logística da companhia explica que elas não se enquadram na classificação de sucata ferrosa, ao invés disso, são colocadas em lotes separados para atrair empreendedores que tenham interesse em utilizá-las como estruturas de bares, restaurantes ou coisas do gênero.
De acordo com a CPTM, os R$ 26,2 milhões arrecadados se somarão às demais receitas da empresa, compondo o caixa central que é utilizado no custeio da companhia, ou seja, no pagamento de serviços de limpeza, vigilância, manutenção, aquisição de novos materiais, entre outros, que são necessários para manter o sistema funcionando.
O g1 questionou a CPTM sobre quanto o valor arrecadado corresponderia nos cofres da companhia, mas a empresa optou por não falar em quantias e restringiu sua resposta a “é um incremento nas receitas não-tarifárias da companhia”.
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