G1 – Dois guindastes ergueram vigas de concreto de mais de 95 toneladas em um canteiro de obras da Linha 17-Ouro do Metrô de São Paulo no último final de semana.
As vigas foram posicionadas sobre as pistas da Marginal Pinheiros, na Zona Sul de São Paulo, e os trilhos da Linha 9-Esmeralda, da ViaMobilidade. Foram utilizados dois guindastes, um com capacidade para até 650 toneladas, com um contrapeso de 197 toneladas, e outro com capacidade para 350 toneladas.
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Apesar do tamanho, estas não são as primeiras vigas do monotrilho a cruzar as pistas da Marginal Pinheiros. No início de março, as faixas da pista expressa ficaram interditadas para a instalação de outras estruturas no mesmo trecho.
As obras da Linha 17-Ouro deveriam ter sido concluídas até o início da Copa do Mundo de 2014, que teve São Paulo como uma de suas cidades sedes, mas foram interrompidas diversas vezes e tiveram atrasos. Retomados em dezembro de 2020, os trabalhos foram prometidos pelo governo de João Doria (PSDB) para até 31 de dezembro de 2022. No entanto, em nova previsão, a gestão estadual promete que a linha seja entregue até o fim de 2023.
Para a realização da manobra, a pista expressa da Marginal Pinheiros, sentido Castello Branco, ficou interditada entre as pontes Transamérica e Otávio Frias de Oliveira (Ponte Estaiada) das 21h da última sexta-feira (8) até as 4h da segunda-feira (11). Também foram fechadas as alças de descida das pontes Velha João Dias e Edson de Godoy Bueno, sentido pista expressa da Marginal.
as estações Santo Amaro e Berrini no último sábado (9) e no domingo (10). Ônibus do sistema Paese foram colocados no trecho neste período.
A construção da Linha 17-Ouro foi retomada após a rescisão de contratos parados e novas contratações. As obras em andamento preveem a finalização da via do monotrilho, a construção do Pátio de Manutenção Água Espraiada e o acabamento de sete das oito estações previstas.
A Linha 17-Ouro terá 8,3 km de extensão total – incluindo trechos de manobras e pátio –, com oito estações que vão do Aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O monotrilho deve ter conexão com as linhas 5-Lilás e 9-Esmeralda. A atual previsão do governo estadual é que o início da operação ocorre em dezembro de 2023.
Acidentes com vigas
Em janeiro deste ano, uma viga desabou em um canteiro de obras da Linha 17-Ouro do Metrô. Um vídeo feito por câmeras de segurança mostrou o momento em que um grande pilar de concreto caiu na Marginal Pinheiros na madrugada. Ninguém ficou ferido.
Por conta do desabamento, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) chegou a interromper a circulação de trens entre as estações Berrini e Morumbi, da Linha 9 – Esmeralda.
Em 2014, um operário morreu após outra queda de viga em obra do monotrilho nas proximidades do Aeroporto de Congonhas.
Três operários trabalhavam no alto do pilar, no ajuste de uma viga de aproximadamente 50 toneladas. Quando ela cedeu, um dos funcionários acabou prensado e arrastado por ela. Juraci Cunha da Silva, de 27 anos, morreu na hora.
Os outros dois operários foram feridos sem gravidade. Um deles chegou a ficar pendurado até a chegada do resgate.
Trens do monotrilho
O primeiro dos 14 trens de monotrilho que vão atender a Linha 17-Ouro do Metrô foi apresentado em uma videoconferência exibida no Palácio dos Bandeirantes. As imagens eram provenientes da China, onde o maquinário de transporte sobre trilhos é fabricado.
A composição é chamada de cabeça de série e serve de referência técnica para a fabricação de outras 13 que vão atender a futura linha. O monotrilho vai ligar o Aeroporto de Congonhas à rede de transporte sobre trilhos, que tem trens da CPTM e da ViaMobilidade.
O trem exibido na videoconferência está na fábrica da empresa BYD, na cidade chinesa de Shenzhen, e deve chegar a São Paulo até o fim do ano. Os trens vão custar cerca de R$ 1 bilhão. Cada composição será formada por uma cabeça de série e cinco vagões.
Elas operam com tração elétrica, sustentadas por pneus que andam sobre vigas de concreto de 80 centímetros de largura. O funcionamento pode ser totalmente automático, sem necessidade de operador, com a utilização do sistema UTO (Unattended Train Operator).
Cada trem terá 72 assentos e capacidade de transportar cerca de 600 pessoas em condições confortáveis. Contará também com passagem livre entre os cinco carros, sistema de ar-condicionado e câmeras de monitoramento com gravação de imagens.
É triste constatar que operários percam a vida durante a execução do seu trabalho. As medidas de prevenção de acidentes deveriam obedecer uma escala exponencial, em função das grandezas físicas implicadas. Grandes energias representam sempre resultados expressivos, para o bem e para o mal.