Valor Econômico – O Porto de Santos (SPA) tem R$ 5,4 bilhões de investimentos em curso, já contratados nos terminais portuários. Com os próximos projetos que o governo tenta tirar do papel neste ano, a previsão é contratar mais R$ 5,8 bilhões de obras, caso todos os leilões se concretizem.
Dos investimentos em curso, que incluem contratos antigos e arrendamentos recentes, se destacam os novos terminais STS08A, conquistado no ano passado pela Petrobras, e o STS11, arrematado recentemente pela chinesa Cofco.
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Já nos próximos investimentos, a serem contratados ao longo deste ano, a maior parte do valor referente ao leilão do STS10, mega terminal de contêineres. O projeto tem sido alvo de controvérsia devido a questionamentos quanto à participação das empresas de navegação Maersk e MSC.
Sobre a privatização do Porto de Santos, que o governo federal corre para tirar do papel ainda neste ano, Fernando Biral, presidente da Santos Port Authority (SPA), estatal responsável pela administração do porto, diz que tem atraído interesse de diversos grupos.
“Tem todo tipo de perfil, desde terminais, fundos de investimento em infraestrutura e empresas que tradicionalmente não olham para ativos de concessão, com vocação mais de construção. Todo mundo que orbita ao redor da comunidade portuária tem buscado se informar”, afirmou o executivo, em encontro realizado nesta terça-feira (26).
Ele diz que “não vai faltar capital” para o projeto. “É um ativo que não tem problema de demanda, tem possibilidade de inúmeros negócios na nova área. Os fundos já demonstraram apetite no leilão da Codesa [Companhia Docas do Espírito Santo] e acredito que vão vir também com apetite para Santos”, completou.
Em relação a realizar o processo em meio a um ano eleitoral, Biral diz que “não tem sentido efeito de questões políticas” e reforçou a intenção de fazer o leilão neste ano.
“É claro que tudo tem um risco. Se tiver atraso, mudança política [em 2023], pode sim ter problema no futuro, mas acredito que pelo projeto, como foi estudado, debatido, será um atraso se não for em frente. É um processo irreversível”, afirmou.
No mercado, há uma forte descrença em relação à viabilidade de realizar a licitação ainda neste ano. Porém, para fontes próximas ao projeto, há uma expectativa de ao menos publicar o edital até o fim de 2022.
Ferrovia Interna do Porto de Santos
A concessão da FIPS (Ferrovia Interna do Porto de Santos), que deverá substituir a atual concessão Portofer, que administra as ferrovias internas do porto, deverá ser deliberada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ao longo do próximo mês, segundo Bruno Stupello, diretor de desenvolvimento de negócios e regulação.
“A previsão é fazer o chamamento público no começo de julho, para identificar os interessados [que deverão ser os operadores ferroviários que atuam no porto, como Rumo, MRS e VLI]. E, com isso, devemos ter ao longo do ano uma transição operacional, com assinatura do contrato no quarto trimestre”, afirmou o executivo, em evento com investidores realizado nesta terça (26).
A nova concessão prevê R$ 891 milhões de investimentos, que deverão ser realizados ao longo dos próximos cinco anos, para ampliar a capacidade das ferrovias internas e acompanhar a ampliação das malhas ferroviárias no interior do país.
Inicialmente, o projeto previa quase R$ 2 bilhões de intervenções, mas parte delas foi transferida ao processo renovação antecipada da MRS, e outra parcela das obras já foi realizada ou teve redução de valor (como os acessos na entrada da cidade).
“O porto está muito próximo de um gargalo de capacidade. Se não tivesse tido quebra da safra de milho no ano passado já teria havido problemas, então [o gargalo] é um risco”, afirma o diretor.
Ele se diz otimista em relação à análise do TCU. “A área técnica avaliou o projeto como muito positivo. Acreditamos que não haverá nenhuma surpresa com o acórdão e possamos seguir como planejado”, afirmou.
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