Diário da Região (São José do Rio Preto-SP) – Após três audiências públicas marcadas por críticas de moradores, prefeitos e vereadores dos municípios que serão impactados pelo contorno ferroviário proposto, a concessionária Rumo Logística afirmou aoque o traçado escolhido foi a alternativa “mais benéfica” para viabilizar a obra. O contorno ferroviário irá tirar as composições das áreas urbanas de Rio Preto e parte de Cedral e Mirassol, com obra avaliada em R$ 694 milhões. O novo traçado passará majoritariamente pelos espaços rurais das duas últimas cidades, mais Bady Bassitt e Nova Aliança.
As audiências fazem parte do projeto de licenciamento que fica a cargo da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). A intenção da concessionária é de conseguir aval para iniciar a obra em 2023 e terminar em 2026.
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“Sou proprietário da maior área de onde vai passar a ferrovia. Me sinto muito prejudicado com o que está acontecendo. O trem vai pegar mais de mil metros dentro da minha propriedade”, afirmou Laércio Natal Sparapan, morador de Cedral.
O contorno ferroviário terá 51,9 quilômetros de extensão e irá “engolir” 158 propriedades que serão desapropriadas. As audiências foram realizadas na semana passada em Cedral, Bady Bassitt e Mirassol, as mais atingidas.
“A alternativa levada em consideração no estudo foi a que se comprovou mais benéfica do ponto de vista socioambiental”, afirmou a assessoria da Rumo. “Todas as contribuições trazidas nesta fase estarão inseridas no processo de licenciamento ambiental e serão devidamente analisadas pela concessionária e pelo órgão licenciador. Com relação às desapropriações, a equipe de gestão fundiária já fez uma primeira abordagem com os proprietários e voltará a procurá-los após a emissão da licença prévia (LP), que antecede a licença de instalação (LI), levando em conta eventuais alterações do traçado”, afirma a concessionária.
A coordenadora de licença ambiental da Rumo, Patrícia Ribeiro, disse que foram avaliadas outras opções, como um trajeto ao Norte, perto de Onda Verde, e Central, que manteria o trilho em Rio Preto com obras de melhorias, mas que teriam maior impacto.
O estudo em análise nos órgãos ambientais aponta que o contorno irá passar por 158 propriedades em áreas rurais. Bady Bassitt é o município com maior impacto. Segundo o levantamento, 40,5% das propriedades estão em Bady; 33,5% em Mirassol; 17,1% em Cedral, onde apenas um trecho reduzido cortará espaço urbano, logo no início do novo desenho; 6,3% em Nova Aliança e 2,5% em Rio Preto.
A reclamação de moradores foi geral, inclusive por parte de prefeitos das cidades onde o trem irá passar. Para proprietários das áreas, Rio Preto quer “empurrar” o problema para cidades vizinhas. O prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), participou das três audiências e foi alvo de queixas em Cedral e em Bady Bassitt. Edinho chegou a dizer que entendia as manifestações, mas que “exaltações” e “gritos” não iriam convencer sobre possível mudança no trajeto.
Ele fez a afirmação na audiência em Bady, a que teve maior participação popular e que registrou o tom mais ácido nas reclamações.
“Não permitiremos que essa linha férrea passe do jeito que está, queremos uma nova opção de trajeto onde a nossa cidade não seja prejudicada tão diretamente como está sendo”, afirmou o prefeito de Bady Bassitt, Luiz Tobardini (PSDB).
“Sou um pequeno produtor rural, trabalho com hortaliça e legumes. Estou há seis anos no local e minha área vai ser atingida em cheio, vou ter perda total”, afirmou Valdemir Barroso, que tem propriedade de 27 mil metros quadrados em Bady, onde o trem irá passar.
Já o prefeito de Mirassol, Edson Ermenegildo (PSDB), disse que novo trajeto ainda irá ocupar trecho do perímetro urbano do município. “Estamos tirando o problema que esta no Centro e levando para um bairro da cidade”, afirmou. Segundo o prefeito, o novo traçado irá passar perto da divisa com Jaci.
Como sempre no Brasil, o trem tratado como se fosse um mal. Que inveja tenho dos EUA e Canadá onde os trens convivem pacificamente com as cidades por onde passam.