Valor Econômico – O BNDES selecionou cinco fundos de investimento voltados a infraestrutura, nos quais deverá aportar R$ 2,5 bilhões. As propostas mais bem qualificadas, que agora passarão por diligências, são dos fundos Vinci Climate Change FIP Multiestratégia; FIP BTG Pactual Infraestrutura III; FIP Kinea Equity Infra I; Pátria Infra Crédito FIDC; e Vinci FI-Infra RF.
Os três primeiros são fundos de equity (destinados a participação acionária e títulos conversíveis em ações), enquanto os dois últimos são voltados a crédito de longo prazo. A ideia do banco é alocar R$ 500 milhões em cada um.
O processo seletivo para eleger os fundos foi aberto em janeiro. Foram recebidas 28 propostas – 13 para a modalidade de equity e 15 para a de crédito. A escolha priorizou fundos voltados a investidores institucionais, com foco em setores de alto impacto social e ambiental. Caso os cinco fundos passem nas diligências, serão submetidos à avaliação da diretoria do banco, para a contratação e subscrição.
Para o BNDES, trata-se de um teste para uma nova modalidade de investimento em infraestrutura – para além dos financiamentos e participações diretas.
O banco entrará nos fundos como um minoritário relevante. As decisões de alocação serão dos gestores. O objetivo é que a instituição funcione como âncora para os fundos, que terão que captar recursos adicionais no mercado. A previsão é mobilizar de R$ 6,5 bilhões a R$ 7 bilhões adicionais em recursos privados, segundo o diretor de participações, mercado de capitais e crédito indireto do BNDES, Bruno Laskowsky.
“Alguns setores foram privilegiados, como saneamento e mobilidade urbana. O foco é investir onde há uma maior necessidade de capital e onde há risco de projeto. É o BNDES fazendo crowding in [aumento do investimento privado a partir do público]. É o que a infraestrutura precisa. São projetos de longo prazo, e vamos precisar de fontes diversificadas de financiamento.”
Os três fundos de participações elegidos têm características específicas. Em comum, todos preveem patrimônio de R$ 2 bilhões, cada um (dos quais BNDES entrará com R$ 500 milhões).
O Vinci Climate Change FIP terá foco em investimentos ligados ao meio ambiente, como saneamento, energia renovável e projetos que promovam a redução de gases estufa. A ideia é beneficiar de dez a quinze empresas.
No FIP BTG Pactual Infraestrutura III e no FIP Kinea Equity Infra I os investimentos serão mais diversificados, em segmentos como transporte, mobilidade, saneamento, energia e telecomunicações. No fundo do BTG, o objetivo é assumir posições majoritárias em quatro ou cinco ativos. Já no da Kinea, as participações deverão ser minoritárias.
O quarto colocado – que receberá os recursos caso haja problemas nas diligências de algum dos três primeiros – é um fundo do Pátria para energias renováveis.
Entre os fundos de crédito selecionados, está o Vinci FI-Infra RF, com prazo de quinze anos e R$ 2 bilhões de patrimônio-alvo. A ideia é investir em debêntures de infraestrutura de forma mais pulverizada – de 15 a 20 ativos. O segundo é o Pátria Infra Crédito FIDC, com patrimônio-alvo de ao menos R$ 1 bilhão (R$ 500 milhões do BNDES). A ideia da gestora é financiar projetos com estrutura mais flexível de “project finance”, em que o fundo irá comprar risco de construção.
Entre os fundos de crédito, o BNDES também colocou outros dois fundos na “fila” – caso algum dos dois primeiros não se viabilize. São eles um fundo da Mauá, voltado a prestadores de serviço de saneamento de médio porte, e um fundo do BTG.
Para Laskowsky, a previsão é que a alocação da maioria dos recursos se dê entre 2023 e 2024.
O diretor diz que o processo seletivo surpreendeu e poderá abrir caminho para novos chamamentos nesses moldes no futuro. “Vieram mais proponentes do que inicialmente imaginávamos. Foi interessante ver gestoras que estão no início, criando braços de infraestrutura. Queremos fazer outras chamadas com foco em infraestrutura. Ainda não definimos quando. Mas a infraestrutura brasileira precisa crescer, e temos que gerar instrumentos para financiar esses projetos.”
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