Trem da Morte: estação vive abandono na zona rural da capital de MS

Estação de trem Ligação, em Campo Grande, fazia parte da rota entre Bauru e Corumbá (MS) - Eduardo Anizelli-10.dez.21/Folhapress
Estação de trem Ligação, em Campo Grande, fazia parte da rota entre Bauru e Corumbá (MS) - Eduardo Anizelli-10.dez.21/Folhapress

Folha de S. Paulo (Blog) – Os trilhos que passam em frente à estação Ligação, em Campo Grande, são utilizados pela concessionária responsável pelo trecho da extinta Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, mas ela está totalmente abandonada.

Desvinculada da concessão ferroviária, a estação fica na zona rural da capital sul-matogrossense e teve os danos minimizados a partir do momento em que a concessionária Rumo instalou um centro de apoio em sua frente, mas os estragos de décadas de abandono já eram evidentes, conforme relato de moradores das redondezas.

Os vidros de uma das janelas estão quebrados parcialmente e uma parte do telhado já não existe mais na pequena estação, que possuía apenas duas portas em sua plataforma de embarque quando transportava os passageiros do Trem da Morte.

A Noroeste do Brasil, entre Bauru e Corumbá (MS), com 1.272 quilômetros, herdou o nome do Trem da Morte original, que liga Puerto Quijarro a Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

A rota boliviana ganhou o nome devido ao grande número de acidentes e por ser no passado usada para o transporte de doentes.

Com o tempo, a “extensão” brasileira, já que Corumbá é vizinha a Puerto Quijarro, ganhou a mesma denominação, graças à desaceleração gradual de investimentos na estrada de ferro.

Próximo à estação Ligação há uma caixa d’água que no passado era abastecida a partir de um ponto distante, do outro lado da BR-262 e que ainda conserva o dístico NOB, em alusão à Noroeste do Brasil.

Mas é quase nada perto do que já foi no passado. Inaugurada em 1914, ela serviu para ligar dois trechos que estavam separados, por isso recebeu esse nome, e contribuiu para o desenvolvimento ferroviário de todo o estado nas décadas seguintes.

Atualmente, contam vizinhos, trafegam pelos trilhos em média três trens semanais, volume que evidentemente varia conforme a necessidade da concessionária.

A placa de avisos segue na plataforma de embarque, informando a altitude do local (457 m) e a quilometragem, mas atualmente ela serve apenas para matar a saudade de entusiastas das ferrovias que visitam esporadicamente a estação.

A Noroeste do Brasil passou a fazer parte da RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.) em 1957, onde ficou até a concessão à Novoeste na década de 90.

Da empresa, em parceria com a Ferroban e a Ferronorte surgiu a Brasil Ferrovias, que depois passou a ser Nova Novoeste, até ser incorporada à ALL (América Latina Logística).

Esta, por sua vez, foi absorvida pela Rumo Logística, atual detentora da concessão da ferrovia, mas o contrato inclui apenas algumas estações —não é o caso da estação Ligação.

O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) informou, por meio de sua assessoria, que promove parcerias com prefeituras e associações de preservação de bens que não sejam de interesse do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Segundo o órgão federal, basta que o interessado apresente uma proposta ao Dnit.

“A política adotada pelo Dnit para a gestão destes bens é a formalização de parcerias com entidades municipais e associações de preservação para minimizar os efeitos do tempo, desocupação e vandalismo”, diz o órgão.

Das 122 estações erguidas entre Bauru e Corumbá, ao menos 80 foram demolidas ou estão em processo avançado de deterioração, abandonadas ou fechadas, sem uso algum.

A maior parte delas está sob responsabilidade do governo federal.

O relato do estado da estação ferroviária Ligação, em Campo Grande, faz parte de uma série sobre a extinta Noroeste do Brasil.

Se quiser conferir o estado geral das estações que pertenceram à ferrovia, contamos essa história aqui.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sobre-trilhos/2022/06/trem-da-morte-estacao-vive-abandono-na-zona-rural-da-capital-de-ms.shtml

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