Vale cortou previsão para produção de minério antes do esperado, dizem analistas

A projeção da Vale saiu de produção de minério de ferro de 320 milhões a 335 milhões de toneladas para 310 milhão a 320 milhões de toneladas para este ano — Foto: Agência Vale
A projeção da Vale saiu de produção de minério de ferro de 320 milhões a 335 milhões de toneladas para 310 milhão a 320 milhões de toneladas para este ano — Foto: Agência Vale

Valor Econômico – A Vale revisou para baixo suas projeções de produção de minério de ferro para 2022 mais cedo do que o esperado e reportou números um pouco abaixo do projetado em sua prévia operacional do segundo trimestre de 2022, segundo os analistas da companhia.

A projeção da Vale saiu de produção de minério de ferro de 320 milhões a 335 milhões de toneladas para 310 milhão a 320 milhões de toneladas para este ano.

O Bank of America disse em relatório que atribuía uma maior probabilidade de corte na previsão de produção no final do terceiro trimestre. “Acreditamos que o corte de projeção pode dar algum alívio aos preços do minério de ferro, mas no final das contas esse corte apenas formaliza os volumes mais baixos já na maioria dos investidores e em nossos modelos.”

Para o banco, o foco atualmente está nas perspectivas de demanda, que continuam decepcionando à medida que as siderúrgicas chinesas cortam a produção. O BofA ressalta que a produção de minério de ferro de 74 milhões de toneladas ficou 3,6% abaixo do consenso e as vendas de 73 milhões de toneladas ficaram 0,8% abaixo da estimativa do banco.

Segundo o Goldman Sachs, a faixa intermediária da previsão para minério de ferro da Vale não implica em crescimento de produção ante 2021, o que é decepcionante e deve alimentar preocupações dos investidores sobre a capacidade da empresa de retomar a produção para níveis pré-desastre de Brumadinho, de 385 milhões de toneladas em 2018.

O banco diz ainda que existem inúmeros desafios relacionados ao licenciamento, restrições de logística, rochas de jaspilito no Norte e outros que estão demorando mais do que o esperado para serem resolvidos. Com isso, o Goldman Sachs revisou sua estimativa para o Ebitda no trimestre para US$ 6,2 bilhões, 3% abaixo da projeção anterior.

O Citi, por sua vez, rebaixou sua projeção de Ebitda para o segundo trimestre de US$ 6,4 bilhões para US$ 5,8 bilhões. Segundo o Citi, o corte na projeção de minério de ferro está sendo parcialmente enquadrado como “valor sobre volume”, mas os desafios contínuos no Sistema Norte parecem mais relevantes.

“Um corte de 10 milhões de toneladas é minimamente útil para o mercado de minério de ferro marítimo de cerca de 1,5 bilhão, mas não muda o jogo”, diz o Citi. Para o banco, a produção de minério de ferro veio em linha com as projeções, mas os metais básicos foram mais fracos, especialmente o cobre, principalmente devido à manutenção.

Já o Itaú BBA afirmou que a revisão para baixo pela Vale de sua projeção para produção de minério de ferro para 2022 sinaliza desafios operacionais para atingir a meta de longo prazo de 400 milhões por tonelada, mas pode ajudar a sustentar os preços do minério de ferro.

Para o banco, os volumes de vendas de minério de ferro foram um pouco mais fracos do que o esperado, mas os prêmios de qualidade foram ligeiramente superiores, e eles continuam confortáveis com sua estimativa de Ebitda de US$ 5,95 bilhões para o segundo trimestre.

O Banco Inter ressaltou que a Vale reportou números aquém do esperado para sua produção no segundo trimestre, mostrando ainda dificuldades, principalmente na operação de metais básicos, tanto para níquel quanto para cobre, mas também em ferrosos, no Sistema Norte.

O banco diz esperar um cenário mais desafiador quanto à demanda de aço e minério de ferro na China, e as pressões nos custos que devem perdurar para o ano. O Inter elevou suas expectativas quanto ao custo caixa C1 da Vale, o custo de produção dos finos de minério de ferro da mina ao porto, devendo ficar em entre US$ 18,5 e US$ 19 por tonelada.

A XP vê os resultados operacionais da Vale como negativos, mas continua otimista quanto ao preço de minério de ferro e na geração de caixa da Vale. A corretora destaca os prêmios realizados nas vendas de minério de ferro mais pelotas, que ficaram em US$ 7,3 por tonelada, acima de US$ 9,1 por tonelada no trimestre anterior.

A Ativa Investimentos diz que grande parte dos efeitos que culminaram em números abaixo do previsto já estão absorvidos, e que esperava a revisão na produção em algum momento mais distante no segundo semestre. “O fato de antecipar a sua redução, todavia, não impressiona, uma vez que seria complicado a Vale acelerar seu ritmo produtivo ao longo do segundo semestre de 2022 em meio à conjuntura atual.”

Por fim, a Eleven Financial reitera que mesmo com a revisão das projeções, a Vale terá que apresentar um forte crescimento de produção no segundo semestre ante o primeiro para atingir suas metas, superior a 25% em minério de ferro e acima de 40% em cobre.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/07/20/vale-cortou-previsao-para-producao-de-minerio-antes-do-esperado-dizem-analistas.ghtml

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