Folha de S. Paulo – A Vale anunciou nesta quinta-feira (28) que assinou, em conjunto com seus sócios Posco Holding Inc. e Dongkuk Steel Mill, um acordo vinculante com a ArcelorMittal para a venda de suas participações na Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).
O negócio, com um enterprise value de cerca de US$ 2,2 bilhões, marca a saída da mineradora brasileira do setor siderúrgico, em meio a seu plano estratégico de desinvestir em operações que não são as principais da companhia, como minério de ferro e níquel.
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A Vale chegou a ter participações na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e na California Steel Industries (CSI), sendo que esta última foi vendida no fim do ano passado à Nucor Corporation por US$ 400 milhões.
Em sua busca por simplificação do portfólio, a mineradora também saiu dos negócios de carvão, alienando ativos na Austrália e mais recentemente a mina Moatize, em Moçambique.
A reformulação dos negócios desde 2015 também envolveu a saída de ativos de fertilizantes no Peru e Brasil, de projetos de potássio no Canadá e Argentina, da empresa de óleo de palma Biopalma, entre outros desinvestimentos.
Já neste ano, anunciou um acordo com a J&F Investimentos para venda dos ativos de minério de ferro, manganês e logística no Centro-Oeste.
O próximo ativo da carteira da Vale para venda é a produtora de bauxita Mineração Rio do Norte (MRN), no Pará.
Ao mesmo tempo, a Vale tem se concentrado em aumentar sua produção de minério de ferro, cobre e níquel, com o objetivo de se posicionar nas tendências de transição energética e descarbonização, que têm transformado a indústria de mineração.
Nos últimos meses, por exemplo, anunciou acordos para se tornar uma fornecedora de referência de produtos de níquel de baixo carbono, apostando no aumento da demanda com o crescimento da indústria de veículos elétricos.
Venda da CSP
Localizada no Ceará e fundada em 2008, a CSP é uma joint venture entre Vale (50%), Dongkuk (30%) e Posco (20%). Com capacidade instalada de 3 milhões de toneladas de placas de aço por ano, a usina siderúrgica tem acesso ao Porto de Pecém.
Segundo a Vale, o valor da transação será utilizado para o pagamento antecipado do saldo da dívida líquida de aproximadamente US$ 2,3 bilhões. A conclusão da operação entre as empresas está sujeita às aprovações corporativas e regulatórias usuais.
Na análise do Itaú BBA, a venda da CSP é neutra para a Vale do ponto de vista de valuation (avaliação), já que não envolve equity e não terá impacto sobre a dívida líquida da companhia.
“Nós saudamos a disciplina de alocação de capital da empresa nos últimos anos, com o reiterado foco no seu core business e na remuneração aos acionistas”, disse o analista do banco Daniel Sasson, em nota.
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