O Globo – Um greve paralisou grande parte do metrô de Londres nesta sexta-feira, causando mais transtornos ao sistema de transporte britânico e forçando as pessoas a trabalharem de casa. A paralisação de um dia acontece entre duas greves ferroviárias nacionais, ontem e neste sábado, e coincide com o início de um protesto de dois dias de motoristas de ônibus no Oeste e no Sudoeste da capital britânica. A Transport for London, que supervisiona o metrô, pediu aos passageiros que evitem viajar, se possível.
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores Ferroviários, Marítimos e de Transporte (RMT, na sigla em inglês) disse que os funcionários do metrô estão em greve por “ataques a pensões e empregos”. O setor ferroviário do Reino Unido foi particularmente atingido pelas tensões trabalhistas, à medida que a inflação crescente aumenta a demanda por salários mais altos — o governo, por sua vez, pressiona as empresas a se modernizar e cortar custos, após a crise da Covid-19.
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A RMT, que também organizou as greves ferroviárias, juntamente com a Associação dos Funcionários Assalariados dos Transportes (TSSA, na sigla em inglês), acusou o secretário de Transportes, Grant Shapps, de bloquear um acordo para resolver os problemas dos trabalhadores. Shapps, por sua vez, culpou os dirigentes sindicais por não apresentarem ofertas de acordo aos funcionários.
— É hora de os chefes sindicais saírem do caminho e colocarem os acordos na mesa — disse Shapps à Sky News nesta sexta-feira.
A TSSA afirmou não ter ouvido nenhuma proposta das empresas operadoras de trens desde a oferta de um aumento salarial “insultante” de 2%, mas reiterou que permanece aberta a discussões. Segundo o sindicato, as negociações continuam com a Network Rail, proprietária da maior parte da rede ferroviária do país, apoiada pelo Estado, em meio à “esperança de que a lacuna entre nós possa ser fechada em breve”.
As paralisações acontecem em um cenário econômico cada vez pior. A inflação anual atingiu uma alta recorde em quatro décadas de 10,1% no mês passado, elevando o custo de tudo, de alimentos a energia e roupas. O Banco da Inglaterra prevê que o aumento dos preços atinja 13% nos próximos meses, agravando a crise para os consumidores cujos salários reais estão caindo em ritmo recorde.
As greves não se limitam ao setor de trens e ônibus. Os estivadores de Felixstowe, o maior porto de contêineres do Reino Unido, realizarão uma paralisação de oito dias a partir de domingo, enquanto 115 mil funcionários dos correios iniciarão uma série de greves em 26 de agosto. Advogados também realizaram paralisações na Inglaterra e no País de Gales e até enfermeiros estão planejando realizar uma votação para decidir sobre uma possível greve nos próximos dias.
Na sexta-feira, o sindicato GMB disse que a equipe de segurança do aeroporto de Leeds Bradford havia suspendido uma greve de três dias planejada para a próxima semana para considerar uma nova oferta salarial.
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