Valor Econômico – O setor ferroviário dos Estados Unidos se prepara para interromper os embarques de produtos agrícolas e outros bens essenciais a partir desta quinta-feira, em meio a uma possível greve de trabalhadores que poderia causar perdas superiores a US$ 2 bilhões por dia à maior economia do mundo.
A Norfolk Southern planeja suspender as remessas de mercadorias a granel em trens na quinta-feira, antes de uma possível greve dos ferroviários dos EUA na sexta. A empresa também disse que, a partir desta quarta-feira, não vai mais aceitar veículos para trânsito em suas instalações. Outras operadoras ferroviárias devem adotar medidas semelhantes, de acordo com uma associação agrícola.
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“Estamos ouvindo que várias operadoras ferroviárias estão planejando reduzir os embarques”, disse Max Fisher, economista-chefe da National Grain and Feed Association, que representa a maioria dos manipuladores de grãos dos EUA.
A suspensão dos embarques de grãos, fertilizantes, combustíveis e outros itens cruciais ameaça a economia dos EUA em um momento de inflação galopante e temor de uma recessão econômica global prolongada.
Cadeias de suprimentos de alimentos estão especialmente em risco, pois agricultores se preparam para a colheita e precisam entregar a produção aos clientes. A demanda por produtos agrícolas está especialmente forte devido à escassez causada pela guerra na Ucrânia e problemas climáticos mundiais.
“Nossos membros contam com cerca de 27 milhões de bushels de milho e 11 milhões de bushels de farelo de soja toda semana para alimentar suas aves”, disse Tom Super, do National Chicken Council. “Grande parte disso é transportado por ferrovias.”
A Norfolk Southern pretende parar de receber entregas de veículos para trânsito a partir das 17h no horário local nesta quarta-feira e fechar seus portões intermodais na mesma hora, disse em nota a operadora ferroviária com sede na Virgínia.
Representantes da BNSF Railway e da Union Pacific também sinalizaram que estão preparados para reduzir os serviços à medida que o prazo se aproxima. “Devemos tomar medidas para nos preparar para a eventualidade de uma greve trabalhista se os sindicatos restantes não puderem chegar a um acordo”, disse a BNSF em comunicado.
A suspensão de cargas por algumas empresas ferroviárias visa garantir que os funcionários não fiquem presos se uma paralisação ocorrer na manhã de sexta-feira, disse Fisher. A Reuters informou anteriormente sobre o plano.
Com as eleições de meio de mandato de novembro a menos de dois meses, o presidente dos EUA, Joe Biden, tenta fazer um esforço pessoal para acabar com o impasse entre a indústria ferroviária e os sindicatos. A Casa Branca começou a elaborar planos de contingência para garantir que produtos essenciais possam chegar aos consumidores em caso de greve, um sinal de que as negociações ainda têm um longo caminho a percorrer.
Fertilizantes e plásticos
Empresas ferroviárias não estão mais enviando amônia, um componente importante que responde por 75% de todos os fertilizantes, porque seria perigoso se o material, que é nocivo, ficasse parado durante uma possível greve, de acordo com a Association of American Railroads. A amônia é usada em explosivos, além de ser um nutriente essencial para as plantas.
A suspensão dos embarques ferroviários de etanol ameaça reverter a recente queda nos preços da gasolina nos EUA, que atingiram nível recorde. Quase 75% da oferta de etanol do país é transportada em trens, principalmente das fábricas do Centro-Oeste – onde o milho é transformado em aditivo de combustível –, para as costas leste e oeste com o objetivo de ser misturado à gasolina.
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