Valor Econômico – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai usar fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDCs) como fonte de empréstimos para micro, pequenas e médias empresas, produtores rurais e microempreendedores individuais. Um primeiro fundo foi montado como um piloto e a expectativa é que pelo menos mais três sejam estruturados até o fim deste ano, podendo chegar a R$ 400 milhões no total.
Com o produto, o banco de fomento busca complementar a opção de financiamentos para as empresas menores. Em maio deste ano, a instituição tornou definitivo um programa utilizado durante a pandemia de covid-19, para atender necessidade de capital de giro das empresas de menor porte. Neste modelo, o BNDES concede financiamento às grandes empresas, que repassam a seus fornecedores, distribuidores ou franqueados pelo mesmo custo.
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“A novidade agora é buscar o mesmo objetivo, mas fazendo isso através de FIDCs. Nessa alternativa, o BNDES compartilha o risco com grandes empresas”, afirma o diretor de crédito produtivo e socioambiental do banco, Bruno Aranha. Pelo modelo elaborado, a empresa âncora vai ficar com a cota de maior risco do FIDC, a chamada cota subordinada, enquanto do BNDES subscreverá a cota sênior.
“Se houver perdas da carteira de crédito, quem sofre primeiro é a cota subordinada, os créditos são oriundos do relacionamento com a empresa âncora. Ela tem o melhor conhecimento dessa cadeia”, completa. Caberá à empresa âncora escolher o modelo que melhor lhe atender. Sob a estrutura do FIDC, há o compartilhamento do risco e o balanço da companhia não é afetado como num financiamento direto. Trata-se de uma estrutura financeira segregada. A antecipação dos recebíveis será feita por um gestor profissional, e vai tratar também do relacionamento dos fornecedores do ponto de vista de crédito.
O BNDES vai trabalhar com dois modelos. Em um deles, o gestor contratado vai buscar múltiplos cotistas subordinados, que terá sob seu guarda-chuva créditos diversos. Em outro, o FIDC pode ter apenas um cotista subordinado, ou seja, apenas uma empresa.
A primeira operação foi estruturada sob forma de piloto, com uma única empresa, a Padtec, de equipamentos de telecomunicações, que atua com empresas provedoras de internet de pequeno e médio porte. O BNDES poderá aportar até R$ 80 milhões no fundo. Os recursos do banco virão do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funntel).
No passado, o banco se utilizava de recursos de fundos como esse para fazer o relacionamento de crédito tradicional com os clientes. Agora, os créditos serão utilizados para o FIDC. “Na prática, os fornecedores e clientes terão crédito mais barato lastreado no financiamento mais barato do Funntel”, afirma. Desde que o fundo de direitos creditórios foi estruturado, R$ 12,2 milhões em contratos foram assinados, em mais de dez operações com provedores de internet regionais. Segundo Aranha, a Padtec fica desonerada de fazer acompanhamentos de pagamentos, que ficam a cargo do gestor.
Aranha espera que outros três fundos serão estruturados até dezembro, de R$ 100 milhões, cada. Pelo menos 12 setores poderão ser apoiados, como tecnologia da informação, infraestrutura e serviços de telecomunicações. O BNDES também lista os segmentos de bens de capital, mobilidade, aeronáutica e defesa, indústria de bens de consumo, agroalimentar, biocombustíveis, comércio, serviços e economia criativa. O objetivo é usar outros fundos setoriais, a exemplo do Funntel, e atingir as empresas de menor porte.
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