Furtos de trilhos se proliferam e preocupam associações de preservação

Trem operado pela Sorocabana - Movimento de Preservação Ferroviária descarrilou no trecho entre Sorocaba e Votorantim após furto de trilhos - Divulgação
Trem operado pela Sorocabana - Movimento de Preservação Ferroviária descarrilou no trecho entre Sorocaba e Votorantim após furto de trilhos - Divulgação

Folha de S. Paulo (Blog) – Em um caso, ladrões cortaram trilhos de trem com maçarico em Forquilhinha (SC) e só não levaram embora porque um vigia acionou o patrulhamento. Em outro, um homem foi preso suspeito de furtar trilhos em Campos (RJ), mesma cidade em que um caminhão foi apreendido com o material já em sua carroceria.

Em Araucária (PR), por sua vez, duas pessoas foram detidas enquanto cortavam trilhos para supostamente vender para algum ferro-velho.

Esses casos são apenas alguns dos que foram registrados desde o mês passado no país. Situações como essas têm preocupado o setor ferroviário, especialmente entidades que atuam na preservação da memória das ferrovias.

Com poucos recursos e dependendo basicamente de doações e da venda de bilhetes para as rotas oferecidas e de souvenirs, elas têm mais dificuldade para repor trechos furtados, além de os furtos interromperem a operação dos trens.

Na Sorocabana – Movimento de Preservação Ferroviária, por exemplo, o furto de trilhos ainda no ano passado no trecho entre Sorocaba e Votorantim provocou o descarrilamento de um trem de manutenção próximo à rodovia Raposo Tavares.

Os danos não foram maiores porque a pequena locomotiva circulava com velocidade reduzida e apenas com técnicos de manutenção, justamente com o objetivo de inspecionar a ferrovia.

A locomotiva não sofreu grandes danos. “Tinha três pessoas a bordo e graças a Deus não houve feridos, mas é algo que preocupa muito e que dá prejuízo à associação”, disse o presidente da Sorocabana, Eric Mantuan.

A equipe de manutenção conseguiu recolocar a máquina nos trilhos duas horas depois.

À época, foram furtados 70 m de trilhos, picados com maçaricos e que depois seriam vendidos como sucata a algum ferro-velho.

A maioria dos furtos ocorre com esse propósito, mas há casos em que organizações maiores têm agido no setor. Há quatro semanas, uma quadrilha foi detida no Espírito Santo num ferro-velho durante operação policial que recuperou aproximadamente dez toneladas de trilhos. O material teria como destino, segundo a polícia, empresas siderúrgicas.

Por conta de problemas do tipo, a ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) lançou uma campanha pedindo para que pessoas que souberem de crimes do gênero denunciem à polícia.

“Tem quem furta porque há quem atue como receptador. As duas práticas são criminosas e devem ser combatidas, pois além de tudo ainda interferem na segurança ferroviária”, disse o diretor administrativo da ABPF Campinas, Hélio Gazetta Filho.

A campanha do setor ferroviário envolve, além da ABPF e da Sorocabana, a Abottc (Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais), ANPF (Associação Nacional de Preservação Ferroviária) e tem apoio da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/blogs/sobre-trilhos/2022/10/furtos-de-trilhos-se-proliferam-e-preocupam-associacoes-de-preservacao.shtml

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