Leilão do Metrô de BH vive incerteza, mas governo garante que há interesse

Fernando Marcato: Há ao menos dois grupos analisando o leilão — Foto: Silvia Zamboni/Valor
Fernando Marcato: Há ao menos dois grupos analisando o leilão — Foto: Silvia Zamboni/Valor

Valor Econômico – A desestatização do Metrô de Belo Horizonte, cujo leilão está marcado para o dia 22 de dezembro, tem sido alvo de incertezas. O governo de Minas Gerais, porém, afirma que vai manter a data da licitação e que há dois grupos engajados, segundo o secretário de Infraestrutura e Mobilidade, Fernando Marcato.

Além dos desafios do projeto em si, o setor privado entrou em alerta após declarações contrárias à iniciativa por parte da equipe de transição do governo federal. O modelo de desestatização combina a venda da estatal federal CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) — apenas a divisão de Minas Gerais — e a concessão estadual dos serviços do metrô pelo prazo de 30 anos.

A insegurança se dá porque, com o leilão no apagar das luzes da atual gestão, a homologação e a assinatura do contrato ficariam para 2023, já sob o novo governo.

Na terça (29), Marcato foi à Brasília buscar apoio ao projeto e obteve uma sinalização positiva do senador Alexandre Silveira (PSD-MG), que coordena o grupo de Infraestrutura da transição — as declarações contrárias vieram do grupo de Cidades.

Para além dos ruídos políticos, trata-se de um projeto que já era considerado complexo pela iniciativa privada. O contrato prevê R$ 3,7 bilhões em obras, para modernizar e ampliar a Linha 1 do metrô, já em operação na capital mineira, e para construir a Linha 2 — um novo trajeto de 28 km, que irá conectar os bairros de Calafate e Barreiro.

Até o momento, foi divulgado apenas um pedido de esclarecimento por parte das empresas — o que em geral é visto como um sinal de baixa movimentação no processo. Um dos grupos apontados como possível interessado é a CCR. A companhia, porém, vem de uma onda de novos contratos e tem sinalizado que será seletiva — um adiamento, neste caso, também poderia ser favorável ao grupo, observa uma fonte.

Questionado sobre o baixo interesse no projeto, Marcato destaca que há ao menos dois grupos analisando o leilão e que, mesmo com as adversidades, o objetivo é tentar tirar a concessão do papel ainda neste ano.

“O setor de mobilidade urbana vive a mesma situação que vimos em rodovias há um ano: não está chovendo ‘player’, mas tem interesse. No setor de rodovias, decidimos seguir com os leilões, e o resultado foi muito positivo”, diz.

O foco em manter a licitação neste ano também passa pelo receio do governo mineiro de “perder” os R$ 2,8 bilhões federais já injetados na CBTU para a concessão. O Estado também reservou ao projeto outros R$ 428 milhões. Os recursos são essenciais para garantir a viabilidade econômico-financeira do contrato.

Procurado, o BNDES diz que “não foi notificado sobre o tema”. O Ministério de Economia não respondeu até o momento.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/12/01/leilao-do-metro-de-bh-vive-incerteza-mas-governo-garante-que-ha-interesse.ghtml

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