Valor Econômico – Com novos investimentos em produção agrícola, distribuição de insumos e logística, a Agrex do Brasil, controlada pela japonesa Mitsubishi Corporation, projeta que seu faturamento crescerá quase 15% nesta safra 2022/23, para R$ 5 bilhões, e alcançará R$ 6 bilhões até a temporada 2025/26.
Para sustentar esse avanço, a empresa garantiu, em setembro, a concessão do lote 4 do terminal ferroviário de Porto Franco, no Maranhão, por mais 15 anos. A Agrex, sediada em Goiânia, já operava o transbordo de soja e milho no terminal que pertence à Valec desde 2005, e o negócio tem sido estratégico para sua expansão no “Mapito”, onde estão suas fazendas.
Em Porto Franco, que tem capacidade de armazenagem de 32 mil toneladas, a companhia recebe grãos próprios e de terceiros, basicamente de Tocantins – cerca de 450 mil toneladas por safra -, e os envia para exportação no porto de Itaqui, também no Maranhão, por meio de contrato coma VLI. Os trens partem a cada três dias.
Segundo Antonio Prado Neto, CEO da Agrex, a soja é destinada sobretudo à China e a maior parte do milho segue para o Japão. Com a abertura do mercado chinês ao milho brasileiro, a perspectiva é de aumento também das vendas do cereal ao gigante asiático. Independentemente dessa tendência, está nos planos a expansão da capacidade de recebimento do terminal.
Essa expansão evitará, por tabela, qualquer possibilidade de “estrangulamento” do fluxo da escoamento das colheitas de grãos nas seis fazendas da empresa – quatro no Maranhão, uma no Piauí e uma em Tocantins. São 50 mil hectares cultivados com soja e milho no total, mas está em andamento uma ampliação de 15 mil hectares.
A relação da Agrex com o Mapito é antiga. A companhia foi fundada em 2005, em Balsas (MA), pelo produtor Paulo Fachin. O foco inicial era a distribuição de insumos, e logo a rede chegou aos Estados vizinhos. Em 2008, quando já havia iniciado a produção de grãos, a empresa passou a ser controlada pelo grupo argentino Los Grobo. Quatro anos depois, a companhia se tornou uma subsidiária da Mitsubishi, que deu a ela seu nome atual.
Mesmo com a diversificação, a distribuição de insumos continua a ser uma área importante para a Agrex – e também está em expansão. A rede da empresa é formada atualmente por 16 lojas espalhadas por Maranhão, Piauí, Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Pará. “Até junho deste ano, abriremos mais seis lojas – uma no Pará, duas em Mato Grosso e três em Goiás -, e vamos inaugurar outras 15 nos próximos cinco anos, sempre com foco no Centro-Norte do país”, afirma Prado Neto. As revendas existentes têm cerca de mil clientes no total.
No relacionamento das revendas com os produtores, o barter (troca de insumos por colheitas futuras) é uma das ferramentas importantes, que serve também para fomentar a originação dos grãos recebidos em Porto Franco com destino ao mercado externo.
Completam o rol de negócios da Agrex a produção de sementes de soja, concentrada em três unidades – uma delas, em Sebastião Leal (PI), operada em parceria com o Grupo Progresso -, uma planta de desativação de soja voltada à nutrição animal e duas subsidiárias: a FertGrow, que conta com uma misturadora de fertilizantes no Maranhão, e a distribuidora de insumos Synagro.
Na área de logística, além de Porto Franco, a Agrex opera o transbordo ferroviário em terminal localizado em Porto Nacional (TO), também tendo em vista exportações pelo porto de Itaqui.
De acordo com Prado Neto – que assumiu o cargo de CEO da Agrex em 2020, quando Paulo Fachin vendeu a fatia de 20% que ainda tinha e a Mitsubishi assumiu 100% da empresa -, nas últimas quatro safras, o capex total somou cerca de R$ 100 milhões, e essa média anual de R$ 25 milhões deverá ser mantida nas próximas temporadas. Até 2025/26, o número de funcionários deverá crescer para mil. Hoje, são 700 colaboradores.
Acordo com Wolf Sementes
Na área de distribuição de insumos, na qual conta atualmente com 16 lojas espalhadas pelos Estados do Maranhão, Piauí, Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Pará, a Agrex acaba de diversificar o portfólio ao estabelecer uma parceria com a Wolf Sementes, de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Com o acordo, a Wolf, uma das maiores empresas do mercado brasileiro de braquiárias usadas em pastagens, passará a comercializar seus produtos na rede da Agrex, que vê nessa aproximação uma oportunidade para crescer na pecuária. “Esse movimento é mais um passo importante rumo à diversificação do nosso portfólio e de mercado de atuação”, diz Rodrigo Gerlach Modesto, gerente-executivo comercial da Agrex. Fundada há quase 50 anos, a Wolf, que não revela seu faturamento, informa que conta com mais de 40 cultivares de forrageiras e leguminosas (como feijão-guandu e feijão-de-porco), vendidas no Brasil e exportadas para 65 países.
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