Folha de S. Paulo (Coluna) – Entre os dez principais pontos relevantes para o agronegócio neste ano, a consultoria Céleres destaca uma redução nas margens de ganho dos produtores.
Após dois anos de alta, o setor volta para uma fase de margens normais, tanto para soja como para milho, alerta a consultoria.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
Dois fatores vão pesar na liquidez do setor: preços dos produtos e custos. A perspectiva é de preços estáveis ou até menores para o período, o que contrasta com os custos, que subiram para outro patamar devido à alta dos insumos.
Os produtores do médio-norte de Mato Grosso deverão obter 60 sacas de soja por hectare. Com a alta de custos diretos e de outras despesas, a margem operacional recua para 12 sacas na safra 2022/23. Na anterior, havia sido de 28.
Os produtores de milho da mesma região devem obter 125 sacas. Após custos diretos e outras despesas, a margem será de 46 sacas, abaixo das 67 da safra 2021/22.
A consultoria destaca, no entanto, uma melhora na logística brasileira em relação à dos principais concorrentes produtores de grãos do país.
A ampliação da saída dos grãos pelos portos do chamado Arco Norte e de novos trechos de ferrovias equipara custos aos de outros países.
Mudanças no arcabouço regulatório de portos e de ferrovias também alteram a dinâmica do setor, segundo a Céleres.
O Brasil ganha novos mercados e leva para o exterior uma diversidade maior de produtos. Isso possibilita investimentos em logística no escoamento de grãos e na importação e distribuição de insumos.
O desempenho global de 2023, porém, aponta para um cenário diverso do dos últimos anos. A demanda poderá continuar aquecida, mas os preços externos recuam. Crescimento menor na economia chinesa e riscos geopolíticos devem interferir no mercado agropecuário.
Na avaliação da consultoria, a safra de soja não deverá sofrer grandes influências do clima, o que permitirá um plantio do milho no período adequado.
Após tantas incertezas no abastecimento de fertilizantes no início de 2022, o país termina o período com 12 milhões de toneladas de estoques finais. Os preços elevados, porém, pioram a relação de troca dos produtores.
A consultoria destaca também que os anos recentes mostraram uma aceleração na produção de produtos biológicos e de nutrição especial para as plantas. Essa evolução vai continuar nos próximos dez anos, atingindo uma média anual de aumento de 20% a 25%.
A Céleres aponta, ainda, um movimento de consolidação da cadeia distributiva de insumos no Brasil. Novos ajustes virão nos próximos anos.
A produção agrícola ganha força, e a nova ocupação de área será sobre os 19,8 milhões de hectares de pastagens degradadas.
Preços O ano de 2023 começa com preços acelerados dos alimentos. A primeira quadrissemana da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) aponta uma taxa de 1,09% para alimentação.
Preços 2 Essa pressão, a maior desde julho do ano passado, ocorre principalmente devido ao aumento de preços dos produtos hortifrútis, prejudicados por excesso de chuvas em várias regiões produtoras. As verduras subiram 8%; e os legumes, 5% no período.
Preços 3 O consumidor sente no bolso também o reajuste dos itens básicos na alimentação diária. O arroz teve reajuste de 4,2% nos últimos 30 dias, e o feijão, de 7,1%, segundo o acompanhamento da Fipe.
Seja o primeiro a comentar