Valor Econômico – Os preços dos fretes rodoviários para transporte de grãos deverão subir entre 10% e 15% nos próximos dois meses, em razão principalmente do atraso na colheita de soja e do aumento de produção do grão.
“O ciclo passado foi muito adiantado e o pico de colheita ocorreu entre o fim de janeiro e o início de fevereiro. Neste ano, com as chuvas em excesso, os trabalhos voltarão a um ritmo mais normal e a colheita ficará mais extensa e ocorrerá por todo o país, na mesma época. Como consequência, haverá disputa por caminhões”, afirmou Fernando Bastiani, pesquisador do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (EsalqLog) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, no evento virtual On-Board Agro- Logística.
Segundo ele, a rota de transporte entre Rondonópolis (MT) e Paranaguá (PR) poderá ter preços médios próximos a R$ 400 a tonelada, pico atingido no ano passado em julho. Na ocasião, além de o Brasil ter acabado de colher uma safra recorde de milho, havia concorrência com o transporte de açúcar e os preços dos combustíveis estavam em patamares recorde, afastando alguns caminhoneiros da atividade.
Em contrapartida, o frete de retorno tende a ficar mais barato agora devido ao escoamento continuo da soja, disse Bastiani.
Para o segundo semestre, as perspectivas são de preços mais elevados para todo o transporte de granéis. “Juntando o crescimento da expectativa de produção de soja, milho e açúcar, teremos 38 milhões de toneladas a mais de produtos. Com o atraso da colheita da soja, haverá carga remanescente para exportação no segundo semestre, que vai se unir ao escoamento do milho (segunda safra) e do açúcar”, completou o pesquisador.
Afora isso, outras questões poderão influenciar o preço do transporte, tais como a política de combustíveis do país – ainda uma incógnita com o novo governo -, o preço internacional do petróleo e a demanda internacional por commodities.
Em 2022, levantamento da EsalqLog mostrou que o preço do frete para transporte de grãos subiu entre 37% e 44% na comparação com 2021; no caso dos fertilizantes, a elevação ficou entre 20% e 25%. O valor do frete para o açúcar aumentou de 60% a 70%, em razão da retomada da moagem, que havia caído no ciclo anterior, e da concorrência com a safrinha de milho.
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