A janela histórica e o BNDES do futuro

Globo (Artigo) – O BNDES chega aos 71 anos num momento histórico único, com um governo democraticamente eleito, que trouxe esperança e que tem um compromisso inadiável com o desenvolvimento econômico, social e ambiental. Logo no primeiro mês, o novo governo Lula teve de enfrentar uma tentativa de golpe e se dedicou a reconstruir as instituições democráticas.

Ao mesmo tempo, avançou na restauração de importantes políticas sociais. A valorização do salário mínimo, o novo Bolsa Família, a retomada do Minha Casa, Minha Vida, o relançamento do Mais Médicos e do Farmácia Popular foram medidas relevantes para a reconstrução do país.

O Brasil recuperou o protagonismo no cenário internacional, e o ambiente macroeconômico tem melhorado significativamente, com a competente iniciativa do novo marco fiscal e com a pauta estratégica e desafiadora da reforma tributária. Os primeiros resultados foram a desaceleração da inflação, o abrasileiramento do preço dos combustíveis e a redução do preço dos alimentos.

Nas políticas ambientais, retomamos as ações de enfrentamento a desmatamento e narcogarimpo e a priorização da preservação da floresta em pé, com a geração de emprego e renda nos territórios. Merece destaque a retomada do Fundo Amazônia, gerenciado pelo BNDES.

Tudo isso em meio a alguns obstáculos: a maior taxa de juros reais do planeta, que cresce a cada dia em termos reais com a queda da inflação; os impactos da maior fraude contábil de uma empresa de nossa História, no evento Americanas; e a recuperação judicial de duas empresas privatizadas, Light e Oi.

Nesse contexto, o cenário geopolítico e tecnológico impõe o desafio de construção de uma neoindustrialização, fortalecendo cadeias produtivas estratégicas em setores com vantagens competitivas como saúde, agricultura, energia, comunicações e defesa. Nesse processo, o BNDES será fundamental.

Com o apoio do Congresso Nacional, aprovamos a destinação de cerca de R$ 20 bilhões, em quatro anos, para inovação e digitalização, à taxa referencial. Também participamos do projeto do governo de universalização do acesso à internet em escolas e favelas, especialmente por meio do apoio do Fust, gerido pelo BNDES.

O apoio à reindustrialização passa pelo fortalecimento competitivo do comércio exterior. Liberamos até R$ 4 bilhões para que empresas com receita em dólar possam financiar a aquisição de máquinas e equipamentos de fabricação nacional. Outro avanço foi uma linha de R$ 2 bilhões com spread reduzido para exportação. Aprovamos o financiamento de 14 aeronaves da Embraer, atingindo o total de 1.281. Na área de infraestrutura, estão previstos desembolsos de R$ 47 bilhões, com destaque para a emissão da maior debênture da História, na ordem de R$ 1,8 bilhão.

O fortalecimento dos entes federados voltou a ser prioridade para o BNDES, razão por que disponibilizamos R$ 30 bilhões para financiamento de estados e municípios em projetos de saúde, educação, segurança, saneamento, mobilidade e conectividade. Avançamos também nas captações externas, alcançando R$ 10 bilhões de recursos para desembolsos no próximo período.

Para fortalecer as micro, pequenas e médias empresas, o BNDES viabilizou R$ 21 bilhões em novos créditos garantidos pelo Programa Emergencial de Acesso a Crédito (FGI PEAC) para microempreendedores individuais, além de micro, pequenas e médias empresas.

Para o fomento da agricultura de precisão e baixo carbono, aportamos R$ 10,5 bilhões de forma inédita e inovadora na entressafra, sendo R$ 4 bilhões na linha em dólar para o setor agroexportador e R$ 6,5 bilhões extras no Plano Safra. Ainda, em parceria com a FAO, beneficiaremos 240 mil famílias no Semiárido do Nordeste.

Em seus 71 anos de história, o BNDES sempre esteve à frente das principais missões do nosso país. O BNDES do futuro — reindustrializante, inovador, verde, inclusivo e digital — exercerá sua missão histórica de promover a retomada do crescimento, do investimento e do emprego no Brasil.

*Aloizio Mercadante é presidente do BNDES, foi ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República e ministro da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação

Fonte: https://oglobo.globo.com/google/amp/opiniao/artigos/coluna/2023/06/a-janela-historica-e-o-bndes-do-futuro.ghtml

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