Qual é a defasagem de funcionários do Metrô de São Paulo?

Metrô CPTM – O Metrô de São Paulo, empresa pública que opera as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata, está com déficit de seu quadro de funcionários. Atualmente o quadro está desfalcado em quase 27% do efetivo adequado.

A Companhia do Metropolitano está operando há vários anos com uma quantidade de funcionários insuficiente. Ao longo dos anos a rede metroviária se expandiu e, mesmo com a concessão da Linha 5-Lilás, anteriormente gerida pela estatal, o crescimento da rede sob a gestão do Metrô se iguala aos níveis pré-concessão.

Crescimento da malha

Antes da concessão da Linha 5-Lilás para a ViaMobilidade em 2017, a malha administrada pelo Metrô chegou a 71,5 km com 64 estações. Com o repasse da Linha 5-Lilás, os funcionários públicos foram deslocados e passaram a ocupar cargos nas demais linhas da empresa.

Entretanto, o crescimento acelerado de empreendimentos como a Linha 15-Prata voltam a colocar pressão sobre o quadro de funcionários.

Em 2022 a rede gerida pelo Metrô já chegou praticamente aos mesmos níveis pré-concessão, com 71,4 km de malha e 63 estações. Neste período o que mudou foi apenas a quantidade de passageiros transportados, em decorrência da pandemia de COVID-19.

Evolução do quadro de funcionários

O quadro de funcionários do Metrô de São Paulo está sofrendo reduções há pelo menos oito anos consecutivos. Na série histórica divulgada pelo Relatório Integrado de 2022, o número de funcionários em 2015 era de 9.396 metroviários.

Em 2022, com quase a mesma extensão de rede e estações, o número de funcionários é de 7.334 metroviários, ou seja, uma diferença de 2.052 funcionários.

O número de admissões realizadas ao longo do período foi de 1.127 funcionários, principalmente no período 2017-2018 onde ocorreram 65% das contratações da série histórica.

Por sua vez, o número de demissões foi de 3.432 metroviários, sendo a maior parte no período entre 2017-2019 que concentra 55% de demissões da série analisada.

Atualmente o quadro de funcionários do Metrô está disposto da seguinte forma:

  • 3.652 funcionários para operação
  • 2.118 funcionários para manutenção
  • 1078 funcionários para administração
  • 486 funcionários para expansão

Os números mostram uma redução, em comparação com 2015, de 19% de funcionários para a operação, 25% para manutenção, 16% para administração e 37% para expansão da rede.

Segundo dados do Portal da Transparência do estado de São Paulo, o déficit oficial de cargos é de 2.806 vagas.

Considerando apenas os cargos de Agente de Segurança e de Operador de Transporte Metroviário (OTM I, II, III e IV) o déficit chega a 1.211 vagas, ou seja 43% da necessidade atual.

Como agravante, o quantitativo de 43% são de cargos vitais para a operação e segurança das estações e trens. Com uma linha de frente defasada, o Metrô chegou a enfrentar um aumento de ocorrências criminosas em suas estações e trens.

A solução temporária para a situação foi um convênio com a Polícia Militar, nos mesmos moldes adotados pela CPTM, que reforçou a segurança em estações importantes.

Quadro apertado

A situação dos metroviários é bastante drástica. Através de alguns cálculos matemáticos e deduções importantes pode-se ter dimensão da situação.

Para se ter uma noção da situação atual, realizamos alguns cálculos para verificar quantos funcionários estariam alocados, em média, em cada estação.

Primeiro é necessário definir a quantidade de funcionários da operação por estação (63 estações) e por turno (3 turnos de trabalho). Chegamos ao seguinte resultado:

Operador de Transporte Metroviário: 12 funcionários por estação
Cálculo: 2.282/63/3= 12,07

Agente de Segurança Metroviária: 5,6 funcionários por estação
Cálculo: 1.060/63/3 = 5,60

É preciso ainda considerar nos cálculos dois fatores importantes: as férias e as folgas. Supondo que cada metroviário tenha direito a um mês de férias e a dois dias de folga na semana, chegamos ao seguinte resultado:

Operador de Transporte Metroviário: 7,6 funcionários por estação
Cálculo: 12-(12*(1/12))-(12*(2/7)) = 7,57

Agente de Segurança Metroviária = 3,5 funcionários por estação
Cálculo: 5,6-(5,6*(1/12))-(5,6*(2/7) = 3,53

Deve-se levar ainda em consideração alguns pontos importantes como a abrangência do cargo de OTM e as funções do cargo de Agente de Segurança. No caso dos OTMs, existe divisão de função por estação e tráfego (condutor de trem). Já no caso dos Agentes de Segurança, alguns podem atuar em rondas dentro dos trens, sem necessariamente estar em uma estação.

Como não há dados sobre a distribuição de seguranças nos trens e estações, daremos foco para o cargo de OTM, onde podem ser discriminados a quantidade de funcionários alocados em estações.

Segundo o portal da transparência, a divisão de OTMs ocorre da seguinte forma:

  • 604 OTM I (estação)
  • 270 OTM II (estação)
  • 260 OTM III (supervisão estação)
  • Total 1.134 metroviários

Aplicando a mesma metodologia de cálculo, chegamos aos seguintes resultados:

Operador de Transporte Metroviário: 6 funcionários por estação
Cálculo: 1134/(63)/3 = 6,00

Considerando folgas e férias: 3,8 funcionários por estação
Cálculo: 6-(6/12)-(6*(2/7) = 3,78

Quando se tem na média de quatro funcionários por estação em cada turno fica nitidamente comprovado o grau de sobrecarga ao qual os metroviários estão sendo submetidos.

Deve-se ainda considerar fatores como horário para almoço, tamanho das estações, fluxo no horário de pico, etc. Na melhor das hipóteses, a gestão de pessoal é como um cobertor curto, onde sempre haverá partes descobertas. Tratando-se de Metrô, essa falta de cobertura significa vulnerabilidade, algo que compromete a segurança.

A tendência é piorar

Como se não bastasse a quantidade de funcionários diminuída no Metrô de São Paulo, temos um fator que muitas vezes é ignorado: a idade média dos funcionários.

Com uma taxa de renovação insuficiente, o que se vê é um quadro distorcido. Atualmente o maior recorte de funcionários do Metrô é representado por funcionários entre 51 e 60 anos, somando 2.313 metroviários.

Outra faixa bastante preocupante é a de funcionários com mais de 61 anos que têm mais chances de serem desligados. Ao todo são 1.083 metroviários, o que representa 14,7% do quadro total.

Além disso, o Metrô trabalha com o Plano de Demissão Incentivada (PDI) que visa, pelo lado positivo, promover aos empregados veteranos uma transição de carreira mais estável, mas que coloca pressão sobre os demais funcionários, haja vista a baixa taxa de reposição.

O relatório estabelece uma estimativa da redução de quadros para 2023 da ordem de 10%, incentivada pelo PDI, com desembolso de R$ 248 milhões. A medida faz parte dos planos da companhia em promover o equilíbrio econômico financeiro.

Concessões à vista

Durante a campanha salarial de 2023, o Sindicato dos Metroviários apresentou como principal reinvidicação a realiz.ação de novos concursos públicos para repôr o quadro. Enquanto negociava com a companhia em meio à ameaça de greve nesta terça-feira (13), a categoria obteve do Metrô a promessa de que 115 funcionários aprovados no último concurso realizado em 2019 serão chamados. A companhia estadual também se comrometeu a realizar um novo concurso apenas com vagas necessárias.

Em termos de expansão, o Metrô atualmente está com duas frentes de obras, uma na Linha 15-Prata com mais duas estações e outra na Linha 2-Verde com oito estações.

No entanto, a atual gestão já deixou claro que pretende conceder todas as linhas operadas pelo Metrô e a CPTM, mantendo apenas áreas de planejamento e gestão. Qual será o futuro dos atuais funcionários é o grande mistério por vir.

Fonte: https://www.metrocptm.com.br/qual-e-a-defasagem-de-funcionarios-do-metro-de-sao-paulo/

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