Globo Rural – A Rumo, empresa de logística do Grupo Cosan, e a CHS Agronegócio Brasil, subsidiária da maior cooperativa agrícola dos Estados Unidos, criaram uma empresa para desenvolver e operar um terminal multimodal de armazenagem e transbordo
de grãos em Alvorada (TO). Cada uma das sócias tem 50% da joint venture. Elas não informaram quanto investiram na iniciativa.
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O projeto prevê transformar um armazém de transbordo rodoviário já existente, que tem capacidade estática de 75 mil toneladas de grãos, em um multimodal com capacidade de movimentar 1,5 milhão de toneladas ao ano. A estrutura, que levará soja, milho e, posteriormente, farelo para o porto de Santos (SP), será a primeira do gênero que a Rumo instalará na Malha Central (Ferrovia Norte-Sul) em Tocantins.
“Com essa estrutura, vamos eliminar o transporte por rodovias, que é mais oneroso, demorado e poluente”, disse à Globo Rural o vice-presidente de Global Grain & Processing para a CHS na América do Sul, Horacio Ackermann. A cooperativa não divulga seus resultados financeiros por região. No mundo, ela faturou US$ 47,8 bilhões em 2022.
Segundo o executivo, a cidade foi escolhida em razão de sua posição geográfica estratégica, de sua relevância para o agronegócio e porque ela já concentra uma importante carteira de clientes dos dois sócios que integram a parceria. A CHS movimenta entre 90 mil e 100 mil toneladas de grãos na região por ano. Boa parte desse volume geralmente segue para o porto de Itaqui, no Maranhão.
Terminal “bandeira branca”
A diferença entre a necessidade da CHS e a capacidade do terminal será preenchida por outros produtores, tradings e cooperativas. “Será um terminal de bandeira branca, que vai poder atender Tocantins, o oeste da Bahia e o leste de Mato Grosso”, completa o vice-presidente comercial da Rumo, Pedro Palma.
Com esse regime, os clientes fazem estoque único, depositando e misturando seus produtos de acordo com a classificação prévia de qualidade. O local já está equipado com uma estrutura para secagem e padronização, incluindo descarga de caminhões por meio de tombadores.
A partir da parceria, Rumo e CHS construirão uma pera ferroviária (pátio em formato circular que torna possível o transbordo da carga sem o desmembramento do trem) e uma tulha ferroviária, que permitirão a conexão com a Malha Central. A estrutura terá capacidade para carregar em média 12 vagões por hora, ou até duas composições por dia.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já aprovou a criação da joint venture. As obras devem começar ainda neste semestre, e a previsão é de que terminem no segundo trimestre de 2024, a tempo de a estrutura já receber a safra de verão de 2023/24.
O agronegócio é responsável por 75% do volume de transportes da Rumo em todas as suas malhas. A companhia opera 12 terminais de transbordo, seis terminais portuários e administra cerca de 14 mil quilômetros de vias no país.
Investimentos bilionários
Desde que venceu o leilão para administrar o trecho central da Ferrovia Norte-Sul, em 2019, a Rumo investiu R$ 4 bilhões em obras de infraestrutura, terminais e material rodante. A companhia concluiu neste ano o último trecho, na região de Anápolis (GO).
Hoje, a Rumo opera quatro terminais na Malha Central. Em São Simão (GO), inaugurado em 2021 após investimento de R$ 80 milhões, a operação é feita em conjunto com a Caramuru. Em Rio Verde (GO), a Rumo investiu R$ 390 milhões em seu terminal para grãos e fertilizantes.
A companhia inaugurou o terceiro, dedicado ao açúcar, em Iturama (MG) — os aportes, de R$ 95 milhões, foram feitos exclusivamente pela Usina Coruripe. Por fim, Rumo e Andali, empresa que tem a CHS como um de seus acionistas, investiram R$ 160 milhões em um terminal de adubos, inaugurado em 2022.
No último ano, passaram pela Malha Central 7 milhões de toneladas de soja, milho e farelo. No primeiro trimestre de 2023, a Rumo transportou 1,7 milhão de toneladas de produtos agrícolas, que incluem fertilizantes e açúcar, o mesmo volume do primeiro trimestre do ano passado.
Mais terminais
A empresa prevê criar ao menos outros quatro terminais ao longo da malha. Dois deles, voltados a grãos, deverão ser construídos em 2024, no norte de Goiás e sul de Tocantins.
Há também previsão de uma unidade em Rio Verde (GO) para combustíveis, em parceria com a DTC (Dinâmica Terminais de Combustíveis), e de um terminal de contêineres da Brado, subsidiária da Rumo dedicada a contêineres. A estrutura deverá ficar em Davinópolis (MA), perto de Imperatriz, mas ainda existe data prevista para o início das operações.
A Norte-Sul foi concebida para ser a espinha dorsal do sistema ferroviário brasileiro, interligando as principais malhas ferroviárias do país. Quando totalmente concluída, ela vai se estender por 4.155 quilômetros, do Pará ao Rio Grande do Sul.
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