Lucro da Suzano salta para R$ 5,08 bilhões no 2º trimestre

Valor Econômico – A Suzano, maior produtora de celulose de mercado do mundo, encerrou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 5,08 bilhões, comparável a ganhos de R$ 182 milhões um ano antes e de R$ 5,24 bilhões nos três primeiros meses do ano, sustentado, principalmente, pelo resultado financeiro, que foi beneficiado pelo impacto positivo da variação cambial na dívida e marcação a mercado das operações com derivativos.

O resultado operacional, porém, foi duramente afetado pela desvalorização da celulose de eucalipto no mercado global e o impacto negativo do real mais forte nas receitas com exportação.

Por causa das condições adversas de preço da matéria-prima, sobretudo na China, a Suzano informou, no início de junho, que deverá reduzir a produção para venda a terceiros em 4%, ao longo deste ano, em relação à capacidade nominal de 10,9 milhões de toneladas.

De abril a junho, a companhia teve receita líquida de R$ 9,16 bilhões, queda de 20% na comparação anual e de 19% frente aos três meses anteriores, refletindo o menor volume de vendas de papel e celulose, preços mais baixos da matéria-prima e câmbio.

No intervalo, o preço médio líquido da celulose vendida pela Suzano no mercado externo alcançou US$ 562 por tonelada, com baixa de 23% em 12 meses. Já o preço médio líquido do papel ficou em R$ 7.002 por tonelada, aumento de 13%.

As vendas em volume da companhia somaram 2,81 milhão de toneladas — 2,5 milhões de toneladas de celulose e 294 mil toneladas de papéis —, com queda de 6% frente ao mesmo período de 2022. As vendas de celulose recuaram 6%, enquanto as de papéis caíram 9%, na mesma base de comparação.

No trimestre, o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da companhia recuou 38%, para R$ 3,92 bilhões, com margem Ebitda de 43% — queda de 12 pontos percentuais em um ano. Já a geração de caixa operacional foi 56% menor e ficou em R$ 2,2 bilhões.

O resultado financeiro líquido da Suzano foi positivo em R$ 4,54 bilhões no intervalo, comparável a R$ 6,98 bilhões em despesa financeira líquida no mesmo trimestre de 2022.

Em junho, a alavancagem financeira da companhia estava em 2,2 vezes em dólar, com alta de 0,3 vez em três meses.

O custo caixa de produção de celulose da Suzano avançou 7% no segundo trimestre na comparação anual, mas recuou 2% frente ao primeiro trimestre, para R$ 918 por tonelada (sem considerar paradas).

A melhora frente aos três meses anteriores reflete preços mais baixos de combustíveis e de químicos, em particular soda cáustica, menor consumo de insumos na esteira da maior eficiência operacional nas fábricas e a desvalorização de 5% do dólar médio sobre o real.

Frente ao segundo trimestre do ano passado, a alta foi impulsionada pelo maior custo fixo em função do menor volume produzido, maiores custos com madeira e menor volume de exportação de energia para o sistema nacional.

A Suzano teve geração de caixa expressiva no segundo trimestre, com volumes de venda positivos tanto na celulose quanto no papel, e, basicamente, vendeu tudo o que produziu, disse ao Valor o diretor de finanças, relações com investidores e jurídico da Suzano, Marcelo Bacci.

Conforme o executivo, os estoques de celulose da companhia seguem em níveis baixos e a estratégia de não recompor os volumes está mantida. “Esse desempenho fala da resiliência da companhia, de continuar gerando caixa expressivo mesmo com preços mais baixos da celulose”, afirmou.

Segundo Bacci, o recuo do custo caixa de produção de celulose da companhia é de continuidade desse movimento no segundo semestre.

Já o presidente da Suzano, a posição da companhia, em relação a seus projetos, é de competitividade e, embora seja afetada pela queda dos preços, está protegida, também pelo custo mais baixo de produção, algo comum aos produtores sul-americanos.

“A Suzano vai gerar caixa em qualquer cenário”, disse.

Em relação aos mercados globais, Bacci afirmou que a demanda de celulose na China vai muito bem e o elo fraco da cadeia é a Europa.

Selic

Especificamente sobre o mercado local, observou, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa de juros em 0,5 ponto percentual é positiva e pode incentivar melhoria no segmento de cartões, que é mais sensível às condições macroeconômicas.

Conforme Bacci, a Suzano mantém a estratégia de reduzir em até 4% a produção de celulose de mercado neste ano, diante das condições mais adversas de preço, e já começou a executá-la.

Maior fábrica de celulose do mundo

Em dia de balanço, a companhia divulgou que estima que as operações do Projeto Cerrado devam ser iniciadas até junho de 2024. Esse projeto consiste na construção da maior fábrica de celulose em linha única do mundo, em Ribas do Rio Pardo (MS). Já foram investidos mais de R$ 22,2 bilhões nessa unidade.

Segundo informações reveladas pela Suzano em maio de 2023, o Projeto Cerrado se encontrava na fase de montagem dos equipamentos internos da caldeira, responsável pela recuperação de químicos usados no processo produtivo da celulose e por gerar vapor, que será convertido em energia elétrica.

A unidade Cerrado será autossuficiente em energia, toda de fonte renovável, e vai exportar um excedente de 180 megawatts (MW) para o sistema nacional.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/08/02/lucro-da-suzano-salta-para-r-508-bilhoes-no-2o-trimestre.ghtml

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