Diário do Comércio – O tão esperado Trem Rio-Minas, o primeiro modal ferroviário turístico interestadual do Sudeste do País, está prestes a se tornar uma realidade após uma longa jornada de quase dez anos. A informação foi anunciada pela presidente da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Amigos do Trem, Cyntia Nascimento.
Ela explica que, a previsão é que a primeira viagem pelos trilhos entre os dois estados deve ocorrer em dezembro deste ano. “O projeto enfrentou uma série de desafios ao longo do caminho, desde negociações complexas até os impactos da pandemia”, diz.
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Cyntia Nascimento detalha que a motivação para o início do serviço surgiu com a chance de concessão do Certificado Operacional Específico (COE), documento que autoriza o funcionamento do Rio-Minas. Para a definição dessa etapa, aliás, um processo de certificação corre em análise desde o ano de 2017 e agora estão aguardando a validação do COE pela Ferrovia Centro-Atlântica, concessionária da ferrovia. Outra validação também é aguardada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que, segundo ela, pode ser concluída em breve.
Como será o trajeto turístico do novo modal ferroviário?
O projeto desenvolvido, compreende a ativação de uma linha férrea turística para percorrer aproximadamente 170 km.
O percurso faz ligação da cidade de Três Rios, no Centro-Sul do Rio de Janeiro à Sapucaia, distrito de Caratinga, ao Leste de Minas. Segundo a presidente da ONG Amigos do Trem, dentro do trajeto, os vagões de passageiros vão passar por Chiador, pequena cidade de 2,6 mil habitantes, na Zona da Mata. É nesta cidade onde está situada a estação ferroviária mais antiga de Minas, inaugurada por dom Pedro II, em 1869.
O imóvel, atualmente, é de propriedade da União, mas que será compartilhado com a VLI/Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que está à frente dos trabalhos de recuperação dos trilhos. Já todo o trabalho de recuperação da estação é financiado pela Eletrobras Furnas, com investimentos na ordem de R$ 9,5 milhões.
São muitas as expectativas, mas recursos são poucos
Para garantir o sucesso do projeto e impulsionar o turismo por cidades mineiras, Cynthia Nascimento diz que o planejamento segue em desenvolvimento, mas corre o risco de ser inviabilizado por falta de recursos financeiros.
“Hoje, anuncio, que estamos realizando a reforma do material rodante lá em Recreio (cidade da Zona da Mata). Material rodante este, que são as locomotivas, os carros de passageiros e também o auto de linha. Equipamentos que vão integrar o projeto. Mas, quero fazer um apelo às prefeituras, aos ministros e a todos os entes”, disse. “Nós, hoje, trabalhamos com recursos próprios e ajuda de voluntários. Estamos precisando muito de apoio financeiro. O apoio institucional é extremamente importante sim e necessário para o projeto. Entretanto, nós precisamos que todos se sensibilizem e nos ajude também com recursos financeiros”, clama.
A presidente da entidade explica que até o momento, o projeto para levar o Trem Rio-Minas está em desenvolvimento sem contar com nenhuma ajuda do poder público. “Trata-se de um projeto que vai mudar a realidade dos municípios. Vai ser mais um objeto para o turismo nas cidades, logo, a gente precisa de recursos financeiros, afinal, o projeto merece. Só que hoje, nós não recebemos nenhum tipo de emenda parlamentar, recurso oriundo do governo federal ou das prefeituras, de nada”, frizou.
Campanha é feita nas redes sociais
Nesta semana, a ONG Amigos do Trem publicou em suas redes sociais um comunicado em que reforça a necessidade de angariar recursos por força popular para a manutenção de vagões de passageiros, que ocorre na cidade de Recreio. “Além do projeto fazer o resgate ferroviário, ele traz uma proposta totalmente inovadora: valorização da cultura, dos aspectos sociais, desenvolvimento sustentável, aumento dos postos de trabalho, geração de renda, aumento da economia, valorização do turismo, entre outros”, diz a publicação.
A ONG Amigos do Trem informa que quem desejar colaborar com doações podem contribuir para o projeto por meio de transferência por Pix. Os recursos recebidos, segundo a entidade será destinado ao projeto, que terá prestação de contas à disposição dos doadores. “Este intenso trabalho de manutenção está prestes a transformar não apenas os nossos carros, mas também os municípios, a economia e o turismo local”, reforça Cynthia Nascimento.
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