Diário do Comércio (MG) – Salinas, famosa pela cachaça, terá um novo potencial viabilizado: a reconstrução da Ferrovia Bahia-Minas, com extensão até a cidade do Norte do Estado, permitirá o aproveitamento da produção de lítio do município. Em audiência pública realizada nesta sexta-feira (20), na Câmara Municipal de Salinas, pela Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), empresários e representantes da sociedade civil organizada puderam conhecer mais detalhes do projeto, que terá investimento de R$ 9 bilhões do grupo de investidores da Multimodal Caravelas/Bahia.
Duas empresas de lítio da região já procuraram a Multimodal sobre a ampliação da linha de Araçuaí a Salinas. Antes, a ferrovia iria de Caravelas, no Sul da Bahia, até Araçuaí., no Vale do Jequitinhonha. A empresa informa que primeiramente será feito o escoamento de minério, mas há possibilidade também de investir no transporte de passageiros. As empresas Belo Lítio, subsidiária brasileira da Latin Resources, e a MG LIT (Lithium Ionic), consideram a expansão da ferrovia fundamental para tornar o transporte e escoamento do produto mais ágil e fácil.
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“É uma oportunidade vital, não só para Salinas, mas para o Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas. Diria que vai ser uma redenção, tenho a convicção que vai sair”, disse o presidente da Comissão de Minas e Energia da ALMG, deputado estadual Gil Pereira (PSD), que esteve presente na audiência.
O deputado afirmou que os estudos para viabilização da reconstrução da ferrovia, com sua extensão, já estão bastante adiantados, e falta apenas as licenças ambientais para o início das obras. “Hoje, eu diria que o Porto de Caravelas (BA), que onde é que será escoada a produção, está mais atrasado do que a questão da ferrovia. A ferrovia, para a alegria nossa, já está muito bem estudada, projetada, trabalhada, e as licenças andando a mil por hora”, ressaltou.
O deputado explicou que serão feitas intervenções dentro das 16 cidades que estão na rota da ferrovia e os recursos já estão separados pelos investidores. Será criada uma espécie de “anel ferroviário”. “Eles (a empresa) já tiveram a aprovação das câmaras municipais para fazer esse contorno. São 80% da obra de revitalização e 20% de linha nova”, afirmou. Segundo a Multimodal, após a liberação ambiental, o tempo estimado para a conclusão da obra é de até seis anos.
Boa vontade dos governos
Em contato com os governos federal e estadual sobre a obra, o deputado Gil Pereira sente que há muita disposição de ambas gestões em viabilizar à reconstrução da Bahia-Minas. “Participei de uma reunião, lá estava Rui Costa, o ministro Alexandre de Silveira, outros técnicos da Advocacia-Geral da União (AGU). Vejo muita boa vontade de reativar essa ferrovia. Está mais na parte da burocracia mesmo”, avaliou.
Ele disse o mesmo do governo estadual. “Já estive várias vezes com o João Paulo, da InvestMinas, com o secretário Fernando Passalio (Sede), o secretário Pedro Bruno (Seinfra), a secretária Marília Carvalho (Semad). Realmente, o governo do Estado está tendo essa boa vontade também de dar celeridade nesse projeto”, afirmou.
Gil Pereira destacou que não será escoada apenas a produção de lítio, mas de outros tipos de minérios que transformarão o Norte mineiro. “Vai resgatar uma região toda. Agora estou firmemente acreditando que virou a página, virou o ciclo, e realmente o Jequitinhonha é o vale é da prosperidade agora”, salientou.
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