CLI planeja investimento de R$ 2,2 bi nos terminais em Santos e Maranhão

Valor Econômico – A operadora portuária CLI (Corredor Logística e Infraestrutura) tenta destravar R$ 2,2 bilhões de investimentos nos dois terminais em que é sócia: o de Santos, em parceria com a Rumo, no qual a empresa planeja investir R$ 600 milhões, e o Tegram (Terminal de Grãos do

Maranhão), em Itaqui (MA), que poderá receber R$ 1,6 bilhão de obras adicionais.

Além da expansão nos ativos atuais, o grupo se prepara para novas aquisições, que deverão ser focadas em terminais de granéis sólidos, com operação voltada ao agronegócio, segundo o diretor financeiro, Gabriel Motta.

No caso do terminal de Santos, que movimenta açúcar, milho e soja, o plano é ampliar a capacidade anual de 16 milhões de toneladas para 19 milhões de toneladas, em três anos. O início das obras depende da assinatura de um reequilíbrio econômico-financeiro com o governo federal, para alterar os investimentos que estavam previstos originalmente no contrato.

A companhia avalia que o processo está na fase final e prevê que os desembolsos deverão começar no início de 2024. Procurada, a Antaq (Agência Nacional de Transportes Terrestres) diz que não tem notícias da assinatura, que cabe ao governo. O Ministério de Portos não se manifestou.

“O objetivo dos novos investimentos é ampliar a eficiência. Vamos fazer a troca das esteiras, fazer novo armazém e novo centro de moegas, para o descarregamento rodoviário da carga”, diz Motta.

A CLI adquiriu o terminal em Santos há um ano. O grupo comprou 80% da Elevações Portuárias, subsidiária da Rumo que controla o ativo, por R$ 1,4 bilhão. A empresa do grupo Cosan continua com 20% do negócio.

O grupo tem como acionistas as gestoras brasileira IG4 Capital – que comprou a empresa em 2020, da CGG Trading – e a australiana Macquire – que entrou no negócio em 2022, com 50%. A operadora iniciou a operação em 2016, como uma das quatro acionistas do Tegram em Itaqui, ao lado de Glencore, Terminal Corredor Notre (da NovaAgri) e a ALZ Terminais Portuários (das tradings Amaggi, Louis Dreyfus e Zen-Noh Grain).

“Queremos estar não só nos dois extremos em que já atuamos”

— Marcos Bertoni

Os principais investimentos no terminal já foram realizados e, agora, os sócios tentam negociar junto ao governo a renovação antecipada do arrendamento, para incluir R$ 1,6 bilhão de obras – o valor seria repartido igualmente pelos quatro acionistas do Tegram.

A ideia é ampliar a capacidade de 16 milhões de toneladas por ano para 23,5 milhões, afirma Marcos Pepe Bertoni, diretor de operações. “A proposta é construir um terceiro berço de atracação e expandir a capacidade dos silos verticais.” Em troca, o contrato, que hoje vence em 2037, seria prorrogado para 2062.

O processo foi protocolado em outubro na Emap (Empresa Maranhense de Administração Portuária). Procurada, a companhia não se manifestou. A Antaq diz que o pedido ainda não está em trâmite na agência reguladora.

Como se trata de um processo em fase ainda inicial, a previsão da CLI é que os desembolsos desses investimentos ficariam apenas para o início de 2025.

Hoje, a participação nos terminais no Maranhão e em Santos já garante a presença da CLI nos dois principais corredores de escoamento do agronegócio – Arco Norte e Porto de Santos. Porém, a ideia é ampliar sua atuação.

“Queremos nos consolidar como o maior operador portuário ‘bandeira branca’ [independente] do setor agrícola. Para isso, estamos olhando os corredores. Queremos estar não só nos dois extremos em que atuamos, mas ir para outras áreas do país”, diz Bertoni.

Os executivos afirmam que há negociações de aquisições em curso, algumas em fase mais avançada. O foco seguirá apenas no segmento de granéis sólidos, destaca Motta. “Temos restrição para outros modais. Estaremos sempre vinculados ao agronegócio. Tem bastante oportunidade disponível, em diferentes níveis de maturidade”, afirma.

Sobre o interesse de adquirir mais ativos portuários da Rumo, Mauro Finatti, diretor jurídico, diz apenas que há uma boa relação com a empresa, de quem a CLI já é sócia. “Qualquer oportunidade que estivermos avaliando é confidencial.”

Os planos de expansão da CLI deverão ser financiados por meio de debêntures de infraestrutura e bancos de fomento, como o BNDES e o BNB (Banco do Nordeste do Brasil), segundo Motta. Neste momento, novos aportes de acionistas não estão na estratégia de financiamento, diz ele.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/11/23/cli-planeja-investimento-de-r-22-bi-nos-terminais-em-santos-e-maranhao.ghtml

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