Folha de S. Paulo – Concessionárias ferroviárias que atuam no país anunciaram recordes de receita em 2023, em meio a uma recente onda de investimentos que incluem novas locomotivas, vagões e a construção de um novo terminal de grãos.
Obras para escoar fertilizantes na região do Matopiba (acrônimo para a região dos territórios de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a construção de uma ferrovia em Mato Grosso e a ampliação da capacidade no litoral paulista também estão entre os investimentos ferroviários privados feitos no Brasil no decorrer do ano passado.
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A VLI divulgou, nesta terça-feira (26), que teve movimentação recorde nas ferrovias no ano passado e crescimento de 19% em sua receita líquida, que alcançou R$ 9,1 bilhões.
Segundo a empresa, o desempenho reflete iniciativas internas voltadas para otimizar e melhorar as operações, principalmente eliminando “todas as formas de desperdício”.
Um fluxo de retorno de fertilizantes que custou R$ 400 milhões à empresa e à Copi (Companhia Operadora Portuária do Itaqui) foi inaugurado no Corredor Norte, que atende o Matopiba, além de Mato Grosso, Goiás e Pará.
Holding controlada pela Vale, sua acionista majoritária, a VLI tem entre os sócios Brookfield Brasil, Mitsui, FI-FGTS (fundo de investimentos controlado pela Caixa Econômica Federal) e BNDES.
No início do mês, a concessionária anunciou a compra de oito locomotivas para o transporte de cargas na FCA (Ferrovia Centro-Atlântica) que, somada a outra aquisição, chega a 20 adquiridas no intervalo de um ano, com investimento de R$ 430 milhões.
As oito unidades anunciadas em março serão fabricadas pela Progress Rail, do grupo Caterpillar, e utilizadas no transporte de cargas no corredor Sudeste da FCA, que leva até o porto de Santos produtos das regiões Centro-Oeste e Sudeste —Minas Gerais e São Paulo—, como grãos, açúcar, combustíveis e minerais.
A MRS Logística, que administra uma malha ferroviária de 1.643 quilômetros em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, também anunciou um pacote de renovação de sua frota que inclui as compras de 30 locomotivas e 560 vagões, num investimento total de cerca de R$ 1 bilhão.
Assim como a VLI, a MRS anunciou recorde de produção e lucro no ano passado, com receita bruta de R$ 6,9 bilhões, 14% mais que o valor obtido em 2022, e lucro líquido de R$ 1,2 bilhão, o maior da história da empresa.
De acordo com a MRS, houve aumento no transporte de minérios (14,6%) e de cargas gerais (5,1%), o que fez com que a concessionária atingisse o recorde histórico.
Parte das aquisições de vagões e locomotivas já foi entregue. A previsão é que todos os novos ativos estejam em operação até o final do ano que vem.
Os investimentos totais somaram R$ 1,8 bilhão e incluem a ampliação da capacidade da Baixada Santista, com novos pátios, recapacitação e sinalização de trechos da malha e sistemas de planejamento integrado, além de aportes em mobilidade urbana em cidades ao longo da malha ferroviária.
NO PORTO
Já a Rumo, principal concessionária ferroviária em atuação no Brasil, anunciou a assinatura de um acordo com a DP World para construir um novo terminal portuário para movimentar grãos e fertilizantes no Porto de Santos.
A ferrovia interna existente no porto, com 100 quilômetros de trilhos, é administrada oficialmente desde outubro por uma empresa formada pelas concessionárias Rumo, MRS e VLI, que operam no local.
De acordo com a Rumo, a infraestrutura será instalada na área do terminal de uso privado da DP World, na margem esquerda do canal do porto, e terá capacidade para movimentar até 12,5 milhões de toneladas anuais, sendo 9 milhões de toneladas de grãos e 3,5 milhões de toneladas de fertilizantes.
O prazo inicial de operação é de 30 anos e, conforme a Rumo, o investimento está estimado em R$ 2,5 bilhões, com prazo de conclusão das obras de 30 meses –a contar após cumprimento de condições, como aprovações governamentais.
A Rumo está investindo também na construção da ferrovia estadual de Mato Grosso, que conectará importantes polos do agronegócio no estado e que ganhou, em fevereiro, seus primeiros quilômetros de trilhos.
A obra deverá custar pelo menos R$ 15 bilhões e, quando concluída, em 2030, passará por 16 municípios —caso não haja alterações no trajeto.
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