Diário do Nordeste – Desde outubro do ano passado, uma centena de homens e mulheres trabalha na manutenção das duas tuneladoras que, a 34 metros abaixo do piso da Catedral Metropolitana de Fortaleza, abrem os túneis 1 e 2 da Linha Leste do Metrofor. Quando ficar pronta em 31 de dezembro de 2026, ela ligará, em 15 minutos, a Estação Chico da Silva, no centro da cidade, à do bairro do Papicu, numa extensão de 7,3 quilômetros. No próximo mês de junho, voltará a operar a primeira tuneladora; a segunda, no mês de julho seguinte.
As duas máquinas sem operar há três anos.
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Toda a primeira fase da Linha Leste do Metrô de Fortaleza deverá estar concluída no dia 31 de dezembro de 2026, e para isto o Metrofor tem no seu caixa R$ 1 bilhão emprestados pelo BNDES e mais R$ 600 milhões oriundos do Orçamento Geral da União (OGU), além de R$ 200 milhões do Tesouro do Estado do Ceará, que serão ampliados em mais R$ 300 milhões graças a recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para fazer face à natural correção de custos.
A secretária Executiva de Logística e Obras da Secretaria de Infraestrutura do Governo do Ceará, engenheira Liana Fujita, que promoveu ontem uma visita de jornalistas ao canteiro de obras da Linha Leste do Metrô de Fortaleza, disse a esta coluna que não é problema nem o dinheiro, nem o cronograma da obra “que está em dia para a atual fase da obra”.
Os trabalhos da Linha Leste envolvem – além da escavação dos dois túneis (um de Leste a Oeste, outra no sentido inverso) – a ampliação da Estação Chico da Silva e as estações Colégio Militar, Nunes Valente e Papicu.
Na primeira, os serviços já estão perto do fim, mas nas do Colégio Militar, Nunes Valente e do Papicu, eles prosseguem. Em setembro, se não houver intercorrências, as tuneladoras chegarão à Estação do Colégio Militar, segundo antecipa a secretária Liana Fujita, que faz questão de citar “a dedicação do governador Elmano de Freitas, do secretário da Casa Civil, Max Quintino, e do secretário Infraestrutura, Antônio Ney de Souza, que têm batalhado permanentemente pela continuidade da obra”.
Depois de visitar os serviços que se realizam no trecho da Estação Chico da Silva e o ponto onde, há três anos, estão estacionadas as duas tuneladoras, este colunista pode prestar aos seus leitores o seguinte testemunho:
Trata-se de um empreendimento que tem tudo a ver com a mobilidade urbana. E tudo a ver, também, com o lamentável histórico das obras públicas brasileiras. O trecho da Linha Leste do Metrofor – em execução desde 2013, paralisado em 2015 e retomado depois que se fez nova licitação em 2018 – é um complexo empreendimento de engenharia, semelhante aos que se realizam na cidade de São Paulo, cujo governo estadual amplia as linhas dos seus trens metropolitanos.
O consórcio que começou as obras da Linha Leste em 2013 – integrado pelas empresas (é oportuna esta recordação) Cetenco e Acciona – simplesmente abandonou os serviços em 2015. Por que abandonou? Porque, como fazem quase todas as empreiteiras, impôs uma condição para prosseguir os trabalhos: o; reajuste dos preços. Não deu. O então governador Camilo Santana negou a pretensão.
Em 2018, o Governo do Estado, ainda sob o comando de Camilo Santana, promoveu nova licitação, cujo vencedor foi o consórcio FTS Linha Leste, constituído pelas empreiteiras Construtora Ferreira Guedes e a Sacyr Construción S/A, que propuseram a execução da obra por R$ 1,47 bilhão, depois de uma prolongada discussão. Proposta aceita, contrato assinado.
Os trabalhos seguem, mas, para efetivamente ganharem velocidade, precisarão da recuperação das duas tuneladoras, algo prometido pela Robbins – fabricante dos equipamentos – para o próximo mês de junho. Será?
Os jornalistas convidados pela secretária Liana Fujita fizeram um “tour” pelo Túnel 1 do trecho entre a Estação Chico da Silva e a Catedral Metropolitana, na direção do Papicu. São 1,3 Km de escavações totalmente prontos. Como todo o trecho é bem iluminado por potentes lâmpadas fixadas nas aduelas de concreto armado, de 6,6 metros de diâmetro, que revestem os túneis, fica visível o acentuado declive que existe entre aquela estação e a do Colégio Militar – são 34 metros de profundidade entre a superfície e o ponto onde se encontram as máquinas que escavam os túneis.
A linha permanente (os dormentes e os trilhos) não serão os que hoje estão assentados na obra, mas o revestimento dos túneis serão os que já existem e os que ainda serão instalados – afinal, toda a primeira fase da Linha Leste do Metrô de Fortaleza tem 7,3 Km de comprimento.
Depois do que viu no canteiro de obras, este colunista pode afirmar: 1) Há muito serviço ainda a ser executado; 2) pelo que deu para observar a 34 metros de profundidade, as tuneladoras não deverão estar prontas e em operação no próximo mês de junho: a máquina é gigantesca, tem milhares de parafusos e porcas, centenas de sensores; dezenas de pontos em que é necessário o uso de óleo e graxa; mas esta é a impressão de um leigo, que, todavia, está acostumado ao ritmo das obras públicas no Brasil – no Ceará, também.
Torçamos para que todos esses prognósticos estejam errados e que a previsão da secretária Liana Fujita seja a correta
Acreditar que, em 2026 – ano de eleição presidencial, de governador, de senador e de deputados federal e estadual – as obras da Linha Leste do Metrofor estarão concluídas e em operação, é um exercício de futurologia que não integra as virtudes desta coluna e do seu editor.
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