51% das desapropriações do VLT não servem para o BRT

Gazeta Digital (MT) – Ao menos 50,9% das desapropriações iniciadas para a implantação do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá e Várzea Grande não serão aproveitadas pelo Bus Rapid Transit (BRT). De 359 processos de desapropriação iniciados, permanece o interesse, com base no anteprojeto BRT, a continuidade de apenas 177, que juntos somam R$ 53,4 milhões.

Isso representa apenas 49% de reaproveitamento dos processos previstos inicialmente ao longo das linhas do VLT nas avenidas da FEB, 15 de Novembro, Tenente-Coronel Duarte (Prainha), Coronel Escolástico, Historiador Rubens de Mendonça (CPA) e Fernando Corrêa da Costa.

A informação é da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística de Mato Grosso (Sinfra), que aponta ainda a possível necessidade de outros 27 novos processos de desapropriação para a implantação do BRT. Durante 10 anos, as desapropriações sempre foram apontadas como um dos principais imbróglios para o andamento das obras e, em dezembro de 2014, quando as obras do VLT foram paralisadas, haviam apenas 136 áreas desapropriadas com valor pago estimado em pouco mais de R$ 34 milhões.

Outras 217 áreas não estavam liberadas e o montante estimado era de pouco mais de R$ 42 milhões. Entre os entraves estavam questões como a falta de projetos para desapropriar áreas envolvidas em proteção ambiental e tombamento histórico, além do fato do governo adotar nos processos de desapropriação valores mínimos destacados nos laudos de avaliação, o que aumentou a judicialização dessas áreas.

Nos valores antigos investidos no VLT, entre desapropriações, obras feitas e materiais que não serão aproveitadas no novo sistema, o prejuízo estimado chega a mais de R$ 1 bilhão.

PREJUÍZOS

Agora, com a concretização da venda dos vagões do VLT na última semana, questões como o impacto causado pelas desapropriações, além da necessidade de reestruturação das regiões afetadas, são os principais problemas que o governo deve lidar, segundo especialistas.

“É preciso que haja respostas para todas essas questões, quanto foi pago, o que de fato será feito com todas essas áreas, uma vez que elas não serão todas utilizadas. Mas foram iniciados os processos de desapropriação, já houve impacto na vida de pessoas e do comércio e o que percebemos é que, aparentemente, o governo não tem essas respostas”, afirma o sociólogo Eduardo Lima.

De acordo com ele, no geral, todos entendem que para o avanço há transtornos e dificuldades a serem vencidas, mas no caso do VLT, em vez da modernidade prometida, as obras dificultaram os acessos às avenidas, o movimento de comércios diminuiu e os recursos ficaram escassos, e o sentimento que se tem é de que todo o sacrifício da população foi em vão. Na Capital, a avenida da Prainha e a Ilha da Banana estão entre os pontos mais afetados pelas desapropriações para o VLT. Só na Ilha da Banana, as desapropriações já custaram R$ 6,35 milhões aos cofres públicos.

A região, que já sofria, vive, desde que as desapropriações começaram, um completo abandono. Em Várzea Grande, a pior situação foi a da avenida da FEB, mas grandes empresas também na João Ponce Sobrinho, próximo ao aeroporto, foram impactadas com as desapropriações e as obras.

Fonte: https://www.gazetadigital.com.br/editorias/cidades/51-das-desapropriacoes-do-vlt-nao-servem-para-o-brt/776111

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