Pedro Palma assumiu a presidência da Rumo Logística em abril deste ano com a missão de tocar para frente projetos estruturantes. O adjetivo não é exagero. Na carteira da empresa, há uma ferrovia sendo construída do zero em Mato Grosso, de Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, com cerca de 700 km. A primeira etapa, com 170 km, deverá ser concluída em 2026, até a cidade de Campo Verde, onde também será implementado um terminal de grãos. O projeto está sendo executado pela Rumo sob o modelo de autorização estadual, ou seja, um investimento com a conta e risco da operadora. Algo que se justifica com a tese, segundo ele irrefutável, de que o agronegócio brasileiro continuará sendo uma potência, a despeito de problemas pontuais de safra e eventos climáticos. “O mundo precisa da nossa produção agrícola”, disse Palma, convidado especial de um dos episódios da nova temporada do Pod nos Trilhos, em junho deste ano, quando concedeu essa entrevista exclusiva.
Com uma visão direcionada para novos negócios e parcerias – influência dos últimos três anos em que esteve à frente da vice-presidência Comercial da empresa –, Palma consegue enxergar as potencialidades que existem em Mato Grosso e nos estados vizinhos. Na Malha Central, afirma que as possibilidades de aumento de volume de carga estão longe de se esgotar em Goiás e também em Tocantins, onde a Rumo inaugurou recentemente um terminal de grãos na cidade de Alvorada, em parceria com a CHS. Hoje no trecho que vai de Porto Nacional (TO) a Estrela D’Oeste (SP) são transportados cerca de 6 milhões de toneladas/ano, algo que em breve deverá pular para 10 milhões de toneladas/ano, na previsão de Palma.
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No grupo de investimentos, ainda estão incluídas as obras da Malha Paulista, que segundo ele, estão a todo vapor, somando mais de 30 frentes ao longo da via. Em maio, a empresa assinou um termo aditivo ao contrato de renovação da ferrovia, com a formalização de algumas mudanças nos prazos e escopo de obras, discutidas na área de consenso do Tribunal de Contas da União junto com o ministério dos Transportes e a ANTT. Segundo ele, o caderno de obrigações não passou por grandes alterações. “Trata-se de uma série de pequenas obras e operações ajustadas, como o sequenciamento de obras”, explicou. A grandes intervenções, como a implementação do sistema de sinalização PTC (Controle Positivo de Trem, na tradução para o português), continuam sendo tocadas.
Sobre o processo de renovação do contrato da Malha Sul, o CEO da Rumo afirmou que está incipiente. O primeiro plano de negócios foi entregue à ANTT, mas as discussões não engrenaram ainda. Outro assunto foram os testes de locomotiva a bateria da Progress Rail no corredor de bitola métrica no Paraná. Iniciativa que dialoga com o objetivo da empresa de reduzir emissões. Algo que está ligado não só à questão da sustentabilidade ambiental e financeira. “Temos alguns instrumentos de dívida, cuja taxa final efetiva está ligada à nossa redução de consumo de diesel”
Pernambucano de alma e coração, como se define, mas nascido em Fortaleza, no Ceará, Palma radicouse em São Paulo, onde primeiro atuou na indústria cimenteira, para depois ingressar na ferrovia. Chegou na Rumo em 2013, onde fez carreira, segundo ele, com dois ingredientes especiais: autoconhecimento e autenticidade. “É preciso conhecer seus pontos fortes, o que te move. O mundo corporativo muitas vezes tenta te colocar em caixinhas, te cobrar alguns papéis nesse processo. Você nunca pode, no fundo, deixar de ser autêntico”.
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