Grupo A Hora (RS) – O contrato com a Rumo, administradora da malha-sul (ferrovias do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), encerra em pouco mais de dois anos. Com a inundação de maio, a relação entre governo gaúcho e líderes setoriais inclusive do Vale do Taquari ficou ainda mais distante.
Em reunião na tarde desta segunda-feira, o vice-governador Gabriel Souza se reuniu com dirigentes da Rumo e com integrantes da Secretaria Nacional de Ferrovias. Foi o segundo encontro em cerca de 20 dias.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
A expectativa do governo era ter acesso ao relatório completo sobre os danos na malha ferroviária gaúcha. “Não fomos atendidos. Temos números preliminares que não mostram os locais, nem mesmo a gravidade desses impactos.”
São pelo menos 700 quilômetros de trilho, o que totalizaria entre R$ 3 bi até R$ 4 bilhões. “É impossível analisar sem ter acesso aos dados completos”, ressalta Souza. O secretário Nacional de Ferrovias, Leonardo Ribeiro, se comprometeu em até o fim desta semana entregar o relatório completo ao governo gaúcho.
O estudo foi feito pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) e pela Rumo Logística. A concessionária administra 3,15 mil quilômetros de ferrovias.
Conforme o Estado, cerca de 1,6 mil km estão desativados desde antes da catástrofe de maio. Como forma de acompanhar o serviço e a oferta de locomotivas tanto para cargas quanto para turismo, o vice-governador assumiu a função de coordenador do recém-criado Departamento de Ferrovias.
Dinheiro à reconstrução
A malha ferroviária gaúcha tem cerca de um século. Com poucas melhorias e atualizações, o modelo foi perdendo importância. Para se ter uma ideia, desde 2014 nenhuma composição chega ao Porto de Estrela.
O contrato com a Rumo Logística encerra em 2027. Caso assuma os investimentos e o acordo não ser prorrogado, o poder público nacional precisará ressarcir a empresa.
Como a estrutura ferroviária atual não comporta locomotivas mais atuais, uma das discussões é trocar toda a malha. Em cima disso, foi criado um grupo de trabalho do governo federal.
Regiões turísticas
Na reunião de ontem, foi autorizada a participação do departamento estadual, liderado pelo vice-governador. “A possibilidade é de abrir crédito extraordinário no Orçamento Geral da União, a fim de fazer um aporte público para que, rapidamente, e tenha obras, seja reparos nos quilômetros atingidos, ou até mesmo no novo traçado, uma possibilidade que cresce cada vez mais”, ressalta Gabriel Souza.
A preocupação, afirma, é para que se tenha melhorias pontuais em regiões turísticas, como a Serra e o Vale do Taquari. “Entendemos que não é possível abandonar. Do contrário, não seria possível usar para fins turísticos, o que geraria perdas econômicas.”
“Não temos comunicação com a Rumo”
Presidente da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales), Charles Rossner, afirma: “sabemos que houve muitos danos. Não queremos cobrar que isso seja feito até o fim do ano, apenas que apresentem uma perspectiva.”
Na temporada de 2023, o Trem dos Vales fez 92 passeios, com 45 mil turistas. O trecho de 46 quilômetros, entre Guaporé e Muçum, tem 23 túneis e 15 viadutos. “A catástrofe de maio provocou muitos prejuízos. Não há chance de voltar a ofertar os passeios sem uma análise de engenharia e reformas.”
Conforme Rossner, a Amturvales busca informações, mas não consegue nenhum retorno. “Não temos comunicação com a Rumo. Fica muito difícil planejar e também se colocar à disposição para contribuir de alguma forma”.
Seja o primeiro a comentar