Acordo de Mariana afeta resultado da Vale

Valor Econômico – O acordo definitivo sobre a tragédia de Mariana (MG), a ser assinado nesta sexta-feira (25), contribuiu para reduzir os resultados da Vale no terceiro trimestre. Na noite desta quinta-feira (24), a mineradora anunciou um lucro líquido de R$ 13,386 bilhões, 3,44% menor que em igual período do ano passado. Para fazer frente ao acordo, a empresa confirmou no balanço uma provisão adicional de US$ 956 milhões (R$ 5,3 bilhões), o que elevou a reserva total comprometida com o desastre para US$ 4,7 bilhões (R$ 26 bilhões).

O lucro menor também é explicado pela queda do preço do minério de ferro em relação a igual período de 2023. De julho a setembro, o preço médio realizado pela companhia nas vendas de finos de minério de ferro, principal produto da empresa, ficou em US$ 90,6 por tonelada, 13,8% abaixo de igual período do ano passado, quando o valor médio foi de US$ 105,1 por tonelada.

O ganho menor na última linha do balanço foi fruto de um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) também mais baixo. Entre julho e setembro, o Ebitda da mineradora ficou em R$ 20,049 bilhões, queda de 7,57% frente aos R$ 21,693 bilhões do terceiro trimestre de 2023. A receita líquida da companhia no terceiro trimestre foi de R$ 52,978 bilhões, um aumento de 1,95% frente aos R$ 51,962 bilhões de um ano antes.

No comunicado sobre o desempenho do terceiro trimestre, o novo presidente da Vale, Gustavo Pimenta, destacou os pontos positivos da operação da mineradora do período. Ele citou que a produção de minério de ferro no trimestre atingiu o nível mais elevado em mais de cinco anos e a produção de pelotas está no maior nível desde 2019. Pimenta também apontou as prioridades de sua gestão à frente da companhia e salientou que o desempenho operacional do terceiro trimestre está em linha com a estratégia de entregar produtos de qualidade: “Em minério de ferro, vamos acelerar nossa oferta de produtos de alta qualidade, enquanto em metais básicos, pretendemos continuar a crescer, principalmente em cobre”, disse o presidente da companhia.

“Em minério de ferro, vamos acelerar oferta de alta qualidade”
— Gustavo Pimenta

Em outro fato relevante enviado ao mercado, a Vale informou que é esperada para esta sexta-feira (25) a cerimônia para assinatura do acordo definitivo de reparação integral pelo rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, ocorrido em 2015. A Vale é dona da empresa junto com a anglo-australiana BHP Billiton. O acordo define as medidas para a reparação e é estimado em R$ 170 bilhões, entre desembolsos realizados, futuros e obrigações a fazer. A assinatura deve contar com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A provisão feita para possíveis necessidades de desembolso da Samarco também teve efeito sobre o endividamento da companhia. A dívida líquida expandida da Vale – conceito que considera desembolsos que serão necessários, como aqueles pela reparação de Brumadinho e Mariana – fechou o terceiro trimestre em US$ 16,472 bilhões, 6% a mais que no terceiro trimestre do ano passado e US$ 1,8 bilhão maior que no segundo trimestre.

Em termos de custo caixa C1 de finos de minério de ferro, que considera as despesas da mina ao porto, o valor no terceiro trimestre foi de US$ 20,6 por tonelada, queda de 6% frente ao terceiro trimestre de 2023. Segundo a companhia, a queda foi resultado de diluição devido à maior produção; melhor mix de produção, com maiores volumes do Sistema Norte, no Pará, onde os custos são menores e contínuas melhorias de eficiência. Em setembro, o custo de produção C1 atingiu US$ 18,2 por tonelada, o que, de acordo com a empresa, indica um desempenho positivo para o quarto trimestre.

A Vale anunciou ainda a redução da estimativa de custos para o cobre de um intervalo de US$ 3,3 mil a US$ 3,8 mil por tonelada para US$ 2,9 mil a US$ 3,3 mil por tonelada. A companhia também informou o novo horário da teleconferência de resultados, a ser realizada nesta sexta-feira (25), às 14h.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/10/25/acordo-de-mariana-afeta-resultado-da-vale.ghtml

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