Vinci Partners mira saneamento, portos e energia

Valor Econômico – A área de infraestrutura da Vinci Partners está focada em três segmentos: energia elétrica, saneamento e portos, segundo José Guilherme Souza, sócio responsável pelo setor na gestora.

Na área de água e esgoto, em que o grupo já tem uma concessão no Rio de Janeiro em sociedade com a Águas do Brasil – o bloco 3 da Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) -, a Vinci Partners planeja estudar as concessões em Rondônia, Pernambuco e Pará, que estão sendo estruturadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Souza afirma que a gestora está estudando os projetos, mas tem sido disciplinada na alocação de capital nessa área. “Não temos pressa em fazer um movimento”, disse. “No setor de infraestrutura, se você erra na entrada, é muito difícil recuperar depois. Por isso, temos sido cautelosos”.

Ele citou outros projetos que o grupo analisou, mas decidiu não entrar, como a privatização da Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento), o leilão do Piauí (marcado para 30 de outubro) e o de Sergipe (realizado há um mês). Neste último certame, ele contou que o grupo estudava o projeto em consórcio com um operador estratégico e outro fundo internacional, mas desistiu de apresentar oferta a duas semanas antes da disputa por avaliar que o retorno estava apertado.

Atualmente, a gestora tem diferentes fundos destinados aos investimentos em infraestrutura. Em saneamento, existe um fundo setorial, que financiou a entrada na concessão do Rio de Janeiro. Em portos, também há um veículo específico para um terminal “greenfield”, que será construído do zero, no Paraná, o Porto Pontal.

Além disso, o grupo está em fase final de captação do fundo Vinci Climate Change, que deverá chegar a US$ 400 milhões. Do total, 75% já foi levantado, e o processo deverá durar até meados de 2025. A captação foi ancorada pelo BNDES – o fundo foi selecionado pelo banco por meio de um chamamento público, que buscava desenvolver o mercado de capitais no setor de infraestrutura -, mas também atraiu grandes investidores estrangeiros.

Os recursos levantados devem ser destinados a projetos de energia renovável (cerca de 60%) e saneamento (30%), segundo o executivo. Dois projetos, de usinas solares, já receberam investimentos do fundo, mas o prazo total para alocação é de quatro anos.

“É um fundo que tem escopo para investir no Brasil e está iniciando sua jornada. Estamos buscando mais ativos. Temos conversas para esse próximo leilão que governo vai fazer de reserva de capacidade com armazenamento de energia”, disse ele.

No setor portuário, o principal projeto é o TUP (Terminal de Uso Privado) do Porto Pontal, que fica na entrada da Baía de Paranaguá (PR) e deverá ser destinado à movimentação de contêineres. O ativo foi comprado em 2022, mas trata-se de um terminal novo, a ser construído, com processo complexo de implantação.

O valor total do investimento deverá ser de R$ 3 bilhões – o fundo de portos da Vinci deve entrar com R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões deverão ser financiados.

Souza evitou cravar o cronograma de implementação do projeto, mas afirmou que a expectativa é iniciar as obras em 2025. A primeira fase da construção deverá ficar pronta em cerca de três anos, quando se iniciaria a operação. Hoje, a empresa busca destravar junto ao poder público um acesso rodoviário ao terminal, que terá que ser construído.

Para além desse projeto, a Vinci tem analisado outras oportunidades no setor portuário, disse ele. “Temos olhado bastante coisa. Chegamos a disputar a privatização da companhia docas do Espírito Santo, que perdemos. Estamos olhando as concessões de dragagem de canais de acesso portuário. Também analisamos outros terminais privados, como o do Paraná”, afirmou.

Como já existe uma iniciativa de contêineres em curso, o foco para os próximos empreendimentos no setor deverá ser voltado a granéis sólidos e granéis líquidos, como forma de diversificar o portfólio, segundo ele.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/10/07/vinci-partners-mira-saneamento-portos-e-energia.ghtml

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*