Saiba as diferenças entre os sistemas de bilhetagem de transporte nas cidades do Rio e São Paulo

O Globo – Na semana passada, a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou mais um adiamento da bilhetagem eletrônica exclusiva do Jaé — que passou para 1º de julho deste ano. Os cartões já podem ser usados nos modais municipais, porém, ainda não são aceitos nos transportes estaduais, como metrô e trem, numa dificuldade de integração entre os sistemas. Os percalços, espera-se, serão resolvidos até a nova data. O novo sistema, defende a prefeitura, é uma alternativa ao Riocard, no qual, segundo o município, não fornece transparência nos dados. Em São Paulo, quem pega qualquer ônibus na cidade de São Paulo, ou mesmo embarca em qualquer estação de metrô em toda a Grande São Paulo, pode usar o mesmo cartão: o Bilhete Único, sob administração municipal pela SPTrans. Abaixo, veja um comparativo entre os sistemas em seus principais pontos.

Onde são aceitos os cartões

São Paulo: Criado em 2004 na gestão Marta Suplicy (PT), o cartão Bilhete Único é administrado diretamente pela SPTrans, empresa pública municipal que cuida de todo o transporte público da capital, e é aceito também em todas as estações de metrô e trem, mesmo para quem embarca fora da capital.

Rio de Janeiro: O Jaé começou a operar na cidade do Rio em julho de 2023, inicialmente apenas no sistema BRT. Depois, foi ampliado para os demais modais administrados pelo município, sendo eles — VLT, frota de ônibus municipais (SPPO) e vans. Todo valor arrecadado vai para uma conta pública administrada pela Prefeitura do Rio. A proposta é que seja a única bilhetagem eletrônica aceita na capital. Após não ser firmada a integração às linhas intermunicipais de ônibus, ao metrô, às barcas e aos trens, o prazo para a implantação de uso exclusivo foi adiada para 1º de julho deste ano.

Integrações entre modais

São Paulo:

  • Nos ônibus, o cartão permite que o usuário faça até quatro viagens em até três horas pagando apenas uma tarifa — atualmente, de R$ 5.
  • É o Bilhete Único também que possibilita a integração entre modais, pois quem usa ônibus e depois metrô ou trem paga apenas R$ 3,90 na estação metroferroviária – um desconto de R$ 1,10 em relação à tarifa cheia.
  • Há também opções de recargas mensais e de 24 horas, que permite fazer mais viagens pagando um valor fixo.

Rio de Janeiro:

  • Em funcionamento nos modais municipais, o Jaé permite integração, no valor de R$ 4,70 das seguintes formas: duas viagens de ônibus; ônibus e BRT; ônibus e VLT; duas viagens de VLT.
  • Ainda é possível fazer até três integrações, nos modais municipais, desde que uma seja no BRT, por um período de até três horas.
  • Ainda não é possível utilizar o cartão Jaé nos modais estaduais, como os ônibus intermunicipais, trem, metrô e barcas. Sendo assim, também não é possível haver integração com os transportes municipais oferecendo desconto no valor das passagens.
  • Atualmente, com o Riocard, que possibilita integração entre modais municipais e estaduais, é possível, por R$ 8,25, combinar metrô com duas linhas de Serviço de Transporte Público Urbano Local (STPL); e metrô com oito linhas de ônibus da cidade. No valor de R$ 9,05 é possível integrar metrô e BRT. A proposta é que tas serviços continuem com a ampliação da operação do Jaé.
  • Atualmente, também com o Riocard, é integrado sem custo o serviço Metrô na Superfície, com seis linhas de ônibus, nas estações do sistema metroviário Botafogo e Antero de Quental, na Zona Sul da cidade.

Repasse de verbas das integrações

São Paulo: Por conta da integração, os créditos do Bilhete Único precisam ser divididos entre SPTrans, Metrô, CPTM e CCR (ViaMobilidade/ViaQuatro), empresas privadas que operam algumas linhas metroferroviárias. Todo o valor arrecadado com o cartão vai para uma conta única da Caixa Econômica Federal, e depois o valor é repartido entre todas as empresas. Essa divisão não é exata, e é feita mensalmente conforme o número de passageiros transportados que utilizaram o cartão para acessar os sistemas. Na prática, por previsões nos contratos de concessões, as concessionárias têm prioridade no saque, enquanto Metrô e CPTM recebem fatias menores.

Rio de Janeiro: Segundo o prefeito Eduardo Paes, a Riocard, que é ligada aos donos das empresas de ônibus, não abre as contas do sistema de bilhetagem, o qual chama de “caixa-preta”. Com o Jaé, todo o valor arrecadado, segundo o município, vai para uma conta pública administrada pela Prefeitura, que ficará responsável por pagar diretamente as concessionárias e os permissionários do serviço de transporte. Para receberem, devem cumprir o plano operacional estabelecido pela Secretaria municipal de Transportes.

Cartões para funcionários de empresas

São Paulo: As empresas que pagam vale-transporte também o fazem diretamente no Bilhete Único: como os cartões são identificados com o CPF de cada usuário, basta que a empresa tenha os dados pessoais do funcionário para depositar o valor mensalmente direto no cartão.

Rio de Janeiro: O cadastro junto ao Jaé para funcionários de empresas também deve ser feito diretamente pela instituição, fornecendo dados que identifiquem o portador, como CPF e nome completo. A recarga, que pode ser feita online, fica a cargo da empresa. Os benefícios de integração são válidos para este cartão.

Recarga dos cartões

São Paulo: A recarga pode ser feita nos terminais de ônibus, estações metroferroviárias, pagando com dinheiro, cartão de débito ou Pix, e também por meio de aplicativos no celular — mas a validação dos créditos comprados digitalmente precisa ser feita nos totens que ficam dentro dos ônibus. Para fazer um Bilhete Único novo, é preciso ir pessoalmente até um posto de atendimento da SPTrans que ficam nos terminais de ônibus da capital. Para quem não tem o cartão ou não tem créditos, é preciso pagar a tarifa dos ônibus em dinheiro.

Rio de Janeiro: O cartão verde do Jaé é o bilhete avulso, sem necessidade de cadastro, e pode ser comprado nas máquinas de autoatendimento, instaladas em estações de VLT e BRT. A recarga pode ser feita nas ATMs e em 13 estabelecimentos credenciados pela cidade. Já o cartão preto tem chip da bandeira Visa e requer cadastro, que deve ser feito no site ou no aplicativo da empresa Jaé, disponível para Android e iOS. Essa modalidade é voltada para usuários frequentes do sistema e qualquer pessoa pode adquiri-lo. A recarga pode ser feita on-line, por PIX, cartão de crédito e boleto. Há ainda a possibilidade de usar um cartão virtual, em que o pagamento é realizado por QR Code por meio do app.

Outros sistemas de bilhetagem

São Paulo: Além do Bilhete Único, desde 2020 existe o cartão TOP, que atende os ônibus intermunicipais da EMTU que circulam nas cidades da Região Metropolitana de São Paulo e também pode ser usado no sistema de metrô e trem. Neste caso, trata-se de um cartão operado pela empresa Autopass, contratada pelo então governador João Doria sem licitação. Além do cartão, o TOP também é um aplicativo, que permite a compra de bilhetes do metrô e do trem por meio de QR Code com cartão de débito, dinheiro ou Pix.

Rio de Janeiro: Os cartões Riocard são usados em 20 municípios fluminenses, incluindo a capital. É o principal sistema de bilhetagem eletrônica e, no momento, é o único a integrar os modais municipais e estaduais na capital. A recarga pode ser feita on-line, por PIX e cartão de crédito; no aplicativo; em máquinas de autoatendimento, disponíveis, por exemplo, em estações do metrô e do VLT; e em lojas.

Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2025/01/14/saiba-as-diferencas-entre-os-sistemas-de-bilhetagem-de-transporte-nas-cidades-do-rio-e-sao-paulo.ghtml

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