Metrô CPTM – A Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), do governo do estado, dá início nesta quarta-feira, 12, a uma série de três audiências públicas para discutir o Lote ABC Guarulhos, projeto de concessão das linhas 10-Turquesa e 14-Ônix, da CPTM, à iniciativa privada.
O primeiro encontro público ocorrerá na capital, no auditório do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), no Bom Retiro, a partir das 9h.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
No dia seguinte será a vez da audiência pública em Santo André, único município no ABC a receber a Linha 14, enquanto na sexta-feira ocorrerá o encontro em Guarulhos, cidade onde o VLT terá sua parada final ao norte.
O Lote ABC Guarulhos é o último a leiloar as linhas de trens metropolitanos sob responsabilidade da CPTM.
A empresa criada há pouco mais de três décadas havia assumido a malha da CBTU e da Fepasa, recuperando e ampliando o serviço desde então.
Em 2022, as linhas 8 e 9 foram assumidas pela ViaMobilidade e no final deste ano a Linha 7-Rubi passará a ser operada pela TIC Trens.
No final de março, o governo leiloará as linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade, dentro do Lote Alto Tietê.
Restará, portanto, a Linha 10, que hoje opera dentro do Serviço 710, junto à Linha 7. Já a Linha 14-Ônix é o segundo projeto próprio da CPTM que será implantado, após a Linha 13 na década passada.
O ramal, no entanto, é um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), com 41 km de extensão e 23 estações, contando um trecho chamado de “contingente”, ou seja a cargo da futura concessionária decidir se ele valerá a pena ser implantado.
O trecho, entre a futura estação ABC e o Jardim Irene, fica dentro de Santo André e a uma distância significativa de São Bernardo do Campo, município conhecido por ser um “latifúndio” de uma empresa de ônibus local.
Novos trens e estações na Linha 10
O plano de intervenções na Linha 10-Turquesa é bem vindo. O ramal, que por muitos anos operou trens antigos e lentos, deverá receber 16 novas composições, mas só a partir da próxima década.
O governo propõe a construção de quatro novas estações, Parque da Mooca (ligação com a Linha 6), Bom Retiro, ABC (antiga Pirelli) e Pari, mas neste caso é também uma opção de investimento apenas.
Outras oito estações serão renovadas (Luz, Brás, Tamanduateí, São Caetano do Sul, Santo André, Capuava, Mauá, Guapituba) enquanto seis serão reconstruídas – Juventus-Mooca, Ipiranga, Utinga, Prefeito Saladino, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra.
Vale lembrar que a CPTM passou os últimos anos realizando obras de readequação em boa parte dessas estações.
O projeto de concessão também prevê um novo plano de vias que promete otimizar a operação ao segregar os trilhos para trens de passageiros.
A expectativa é que as viagens sejam realizadas a cada 4,5 minutos entre o Brás e Mauá. A demanda esperada para 2040 é de 552 mil passageiros por dia.
VLT quase todo segregado
A Linha 14-Ônix é o chamado projeto “greenfield”, ou seja, feito do zero. A CPTM há bastante tempo estuda uma ligação perimetral entre o ABC e Guarulhos como forma de evitar deslocamentos que passem pela região central.
A ideia é ótima, porém, a escolha do VLT como modal é questionável. A companhia, que chegou a cogitar uma linha de trens metropolitanos, acabou vencida a favor de um sistema com a maior parte da extensão segregada.
É uma forma de oferecer um serviço mais confiável já que VLTs como o da Baixada Santista ou do Rio de Janeiro sofrem com a mesma limitação do controvertido corredor de ônibus BRT, o fato de disputar espaço com automóveis e outros veículos.
Mas a pergunta que fica é: se irá segregar as vias por que não pensar em um projeto com potencial de expansão de capacidade? Segundo o governo, só a via permanente exigirá investimentos de mais de R$ 4 bilhões, portanto, não será algo corriqueiro.
Os trens de VLT terão até 45 metros e capacidade para 440 passageiros. A demanda de passageiros/hora-sentido será de 6.200 pessoas.
A escolha do modal em detrimento de um trem com as mesmas especificações da frota da Linha 10 também irá encarecer o custo de manutenção, o treinamento e impedir um uso conjunto do material rodante.
A concessão estabelece um prazo de 10 anos para o VLT ser implantado nos três trechos obrigatórios – o trecho 4 não tem prazo por razões óbvias.
O primeiro trecho, entre Hospital Jardim Helena e Rio das Pedras, deverá ser construído entre o ano 4 e o ano 7 da concessão.
A demanda esperada pelo governo é de 225 mil passageiros por dia com as três fases completas em 2040.
Veja abaixo os detalhes das audiências:
12 de fevereiro de 2025, às 9h – São Paulo/SP
Local: Auditório do Departamento de Estradas de Rodagem – DER
Endereço: Av. do Estado, nº 777, 5º andar, Bom Retiro, São Paulo/SP
13 de fevereiro de 2025, às 9h – Santo André/SP
Local: Auditório Heleny Guariba
Endereço: Praça IV Centenário, s/n – Centro – Paço Municipal, Santo André/SP
14 de fevereiro de 2025, às 9h – Guarulhos/SP
Local: Auditório OAB Guarulhos
Endereço: Rua Ipê nº 185 e 201, Jd. Guarulhos, Guarulhos
Seja o primeiro a comentar