Folha de S. Paulo – A Vale anunciou nesta quarta-feira (19) que fechou 2024 com lucro de R$ 31,6 bilhões, queda de 21% em relação ao verificado no ano anterior. Pelo resultado, a empresa anunciou R$ 9,1 bilhões em dividendos e um novo programa de recompra de ações.
A empresa anunciou também redução em sua projeção de investimentos em 2025, que passou de R$ 37,5 bilhões para R$ 33,6 bilhões. Concentrado no segmento de minerais da transição, o corte foi anunciado dias depois de evento com o presidente Lula para celebrar projetos de expansão.
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A companhia não informou a razão do corte na projeção de investimentos. Sobre o programa de recompra de ações, disse que tem o objetivo de retirar de circulação volume equivalente a 2,8% de seu capital e “demonstra a contínua confiança dos administradores nas perspectivas de negócio da Vale”.
“Nosso portfólio robusto e flexível, abordagem disciplinada de alocação de capital e cultura de desempenho em evolução nos permitirão entregar valor a longo prazo”, afirmou no balanço divulgado nesta quarta-feira (19), o presidente da mineradora, Gustavo Pimenta.
Em 2024, a Vale produziu 328 milhões de toneladas de minério de ferro, seu principal produto. Foi o maior volume desde 2018, antes da tragédia de Brumadinho (MG), que deixou 272 mortos, e forçou o fechamento de minas da empresa.
Em 2024, a receita da Vale somou R$ 206 bilhões, praticamente em linha com os R$ 208 bilhões registrados no ano anterior. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa, foi de R$ 80,1 bilhões, queda de 13% em relação a 2023.
A empresa informou que o lucro foi impactado por uma redução de 11,8% no preço do minério de ferro e impacto das perdas na marcação a mercado de derivativos, que resultaram em um resultado financeiro negativo de R$ 21,2 bilhões.
A empresa ainda ampliou em R$ 5,9 bilhões as provisões para reparação da tragédia de Mariana (MG), após acordo definitivo assinado com o governo no fim do ano.
O fechamento do acordo de reparação era um ponto de atrito entre a Vale e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que repetia que é difícil conversar com uma empresa “sem dono” —a Vale é uma corporação com controle diluído e não tem mais um controlador.
Foi um avanço em um ano conturbado para a Vale, que se viu no meio de um embate político com a tentativa frustrada de Lula para emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no comando da mineradora.
No balanço, Pimenta destacou que a empresa está “aprimorando relacionamentos institucionais e garantindo que deixemos um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente”.
Na semana passada, Lula esteve ao lado de Pimenta na mina de Carajás, principal operação da companhia, para selar as pazes. Disse que um “fio desencapado criou um clima desagradável” entre a empresa e o governo e que confiava na nova gestão para a reaproximação.
Após anunciar um pacote de investimentos de R$ 70 bilhões, Pimenta afirmou que a agenda da Vale tem convergências com a do governo e que a empresa ainda tem muitas oportunidades de investimento no país.
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