Trens panorâmicos e teleféricos guiam viagem pelas paisagens da Suíça

Folha de S. Paulo – Apesar de as ferrovias serem uma invenção inglesa, a malha mais densa do mundo fica na Suíça. Em um território ligeiramente menor que o do estado do Rio de Janeiro, o país concentra mais de 5.000 quilômetros de trilhos, integrados aos sistemas de ônibus, barcos e teleféricos.

Desde os anos 1980, toda essa rede é operada com base em horários fixos coordenados. Ou seja, é possível chegar até mesmo aos lugares mais remotos do país em poucas horas, sempre com conexões curtas, mas confortáveis o suficiente para não precisar sair correndo pelas estações.

Planejando o cronograma da viagem com cuidado, é possível embarcar em trens especiais, com janelões panorâmicos que transformam qualquer deslocamento em um programa em si —especialmente para o turista brasileiro, desacostumado a esse modal de transporte no dia a dia.

O mais famoso, e também mais disputado desses trens, é o Glacier Express, que atravessa os Alpes ligando Zermatt a St. Moritz, dois dos principais destinos de neve do país, em uma viagem de oito horas. É possível embarcar e desembarcar em qualquer estação, sem necessariamente fazer o trajeto completo. Mas a alta demanda obriga o turista a comprar a passagem e reservar seus assentos com bastante antecedência.

Só que há opções muito menos concorridas e igualmente encantadoras. Quem vai de Lugano, na parte italiana da Suíça, a Lucerna, na parte alemã, ou vice-versa, pode viajar por uma ferrovia histórica que homenageia a tradição ferroviária do país.

De abril a outubro, o Gotthard Panorama Express corre pelos trilhos que 1882 foram a primeira ligação entre o norte e o sul do país pelos Alpes, até então intransponíveis de trem. Para vencer essa barreira, os engenheiros da época desenharam um trajeto especial, repleto de rampas, com sete túneis em espiral e um túnel de 15 quilômetros, a mais de mil metros acima do nível do mar.

De abril a outubro, o Gotthard Panorama Express corre pelos trilhos que 1882 foram a primeira ligação entre o norte e o sul do país pelos Alpes, até então intransponíveis de trem. Para vencer essa barreira, os engenheiros da época desenharam um trajeto especial, repleto de rampas, com sete túneis em espiral e um túnel de 15 quilômetros, a mais de mil metros acima do nível do mar.

Desde 2016, esse trajeto também pode ser feito por trens comuns pelo novo túnel Gotthard, o maior do mundo, que atravessa os Alpes pela sua base ao longo de 57 quilômetros. Mas a viagem pelo caminho antigo, no trem panorâmico, é muito mais graciosa.

Ao passar pelo túnel no alto dos Alpes, por exemplo, o trem tem sua velocidade reduzida e suas luzes se apagam, revelando projeções que contam a sofrida rotina dos trabalhadores que o construíram. Além disso, um dos vagões da composição remete aos primeiros trens que fizeram esse trajeto, com janelas
guilhotina que fazem a alegria dos fotógrafos (que podem fazer seus cliques sem reflexos) e até mesmo uma estátua do engenheiro que construiu a ferrovia.

Ainda na cantão italiano, no sul da Suíça, outro trem imperdível é o Centovalli Express, que liga a cidade de Locarno a Domodossola, já na Itália, atravessando 83 pontes e viadutos que resistem ao longo dos séculos sobre os “cem vales” da região fronteiriça. Do alto deles, é difícil não ficar fascinado com a imponência das florestas, permeadas por lagos e cachoeiras de águas verde-esmeralda.

A parte francesa da Suíça também guarda algumas joias sobre trilhos. Em Lausanne, a menor cidade do mundo a contar com um sistema de metrô, vale ir até o Museu Olímpico utilizando a linha 2, em um trem incomum, que corre inclinado e sob pneus.

Perto dali fica a simpática Montreux, onde Freddie Mercury gravou vários álbuns com o Queen —há uma estátua do cantor às margens do lago, que é ponto de encontro dos seus fãs até hoje. É de lá que partem outros dois trens que se destacam pelo charme dos seus vagões.

Um deles é o Golden Pass Belle Époque, que vai de Montreux a Zweisimmen. Além dos vagões comuns, há alguns que imitam os vagões do final do século 19, revestidos em madeira e com poltronas que são sofás de época. A primeira parte do trajeto, logo na saída de Montreux, é a mais especial, especialmente no pôr do Sol: à medida que o trem sobe a montanha, a grandiosidade do lago vai se revelando lá embaixo.

Essa mesma grandiosidade pode ser contemplada de um simpático trenzinho de cremalheira com apenas dois vagões, que faz o trajeto de Montreux montanha acima até Rochers-de-Naye, a 2.000 metros de altitude, onde o Papai Noel supostamente passa o inverno. Além das vistas e do trajeto majoritariamente inclinado, o trem é um exemplo de como é importante que até mesmo os menores vilarejos estejam
conectados à malha ferroviária.

Mas não é só sobre trilhos que a Suíça encanta os seus visitantes. Em Stans, uma pequena vila próxima à cidade de Lucerna, foi inaugurado o primeiro teleférico aberto do mundo. Ele leva até o alto da montanha Stanserhorn, a quase 2.000 metros de altitude.

Da vila, um funicular leva os turistas até a base do teleférico em si, que é sustentado por cabos laterais e tem uma escada que conduz os visitantes ao seu rooftop, onde os mais corajosos se espremem para contemplar a vista. Não que seja necessário. Do alto da montanha, as paisagens são ainda mais emocionantes.

TRANSPORTE ILIMITADO É CARO, MAS COMPENSA

Com o Swiss Travel Pass, turistas podem usufruem de viagens ilimitadas em qualquer ônibus, barco ou trem da Suíça (inclusive os panorâmicos) por um valor fixo. Para adultos, ele custa entre 244 francos (R$ 1.570 por 3 dias viajando na 2ª classe) e 723 francos (R$ 4.660 por 15 dias na 1ª classe). Vale economizar viajando apenas de 2ª classe. O passe também dá acesso gratuito ou com desconto a mais de 500 museus por todo o país.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/turismo/2025/03/trens-panoramicos-e-telefericos-guiam-viagem-pelas-paisagens-da-suica.shtml

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