Estadão – O governo de São Paulo fez mudanças na modelagem da parceria público-privada (PPP) do Lote Alto Tietê, referente às linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da Companhia de Trens Metropolitanos (CPTM), para evitar repetir problemas percebidos em outra concessão de ramais de trem para a iniciativa privada, segundo o secretário de Parcerias em Investimentos do Estado, Rafael Benini, contou ao Estadão/Broadcast. Na sexta-feira, 28, as três linhas foram arrematadas pelo Grupo Comporte.
”Tomamos algumas medidas importantes com base no que aprendemos com as concessões anteriores. A primeira delas foi aumentar o tempo de transição. Enquanto nas linhas 8 e 9 a transição foi feita em cerca de sete meses, agora estamos falando de dois anos”, disse Benini. “Será um ano com a concessionária supervisionando a operação da CPTM e treinando o pessoal, seguido de mais um ano com a CPTM supervisionando a operação da concessionária.”
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As linhas 8-Diamente e 9-Esmeralda foram concedidas para a ViaMobilidade, por meio de leilão, em abril de 2021. Os ramais registraram falhas técnicas e a empresa chegou a assinar acordo com o Ministério Público de São Paulo em 2023. Dentre casos de repercussão recentes, estão problemas na operação e um princípio de incêndio (sem feridos, que foi “prontamente apagado”, segundo a concessionária).
Em nota, a ViaMobilidade diz ter feito melhorias afirma que a qualidade do serviço foi reconhecida em pesquisa de satisfação, além de destacar investimentos de R$ 4,1 bilhões. A ViaMobilidade foi a única concorrente da Comporte no leilão da última sexta-feira.
Outro problema, segundo o secretário, é que durante o período de transição das linhas 8 e 9, não havia previsão de investimentos. Nem CPTM nem a concessionária teriam investido nesse intervalo, conforme Benini. Logo, quando houve a transição de fato, as linhas já estavam mais deterioradas, o que gerou dificuldades operacionais.
Agora, os investimentos começam já na fase pré-operacional. Ao todo, o contrato prevê que deverá ser feito investimento de R$ 14,3 bilhões nas linhas, além de reformas e a construção de novas estações no Bom Retiro, na região central da capital, e na Grande São Paulo, como Mogi das Cruzes e Guarulhos. A estimativa do Estado é dobrar o número de passageiros até 2040, chegando a cerca 1,3 milhão ao dia.
”O terceiro ponto é questão do inventário de peças. No contrato das linhas 8 e 9, estava previsto que a CPTM entregaria determinado número de peças. Porém, essas peças não estavam disponíveis, e foi preciso comprá-las no exterior, em plena pandemia”, continuou Benini. “Aprendemos com isso. Neste novo contrato, já estamos exigindo que a concessionária providencie desde o início as peças que têm prazo longo de entrega.”
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