G1 – A reestruturação do trem e a revitalização da estação de Santana será discutida em uma audiência pública nesta sexta-feira (30) na Câmara de Vereadores do município. O evento está marcado para iniciar às 9h e o debate é aberto à população em geral.
No mês de dezembro de 2014, o trem de carga circulou pela última vez na Estação Ferroviária do Amapá. Em 2015, os serviços de transporte da ala de passageiros também foi cessado.
Com a paralisação das atividades, os mais de 380 vagões de carga, além do trem de passageiros, sofrem com o abandono e estão espalhados por áreas onde passa o trilho.
São pelo menos 194 quilômetros de linha, de Santana a Serra do Navio. A locomotiva passa por 5 localidades amapaenses. O local ao longo dos anos foi saqueado e teve áreas de domínio invadidas.
Movimento e debate
A discussão é promovida pelo movimento ‘Eu vou de Trem’, busca levar as questões ao debate, tendo em pauta a valorização da estrada de ferro, do turismo e movimentação na economia local.
Ester de Paula, representante do movimento ‘Eu vou de Trem’, disse que durante a reunião, serão debatidas a revitalização dos vagões e o resgate da história. Além disso, o trem deve percorrer em um trecho curto.
“Ele busca o resgate cultural turístico, o desenvolvimento cultural, turístico e também econômico. Mas, a princípio, o que é palpável num momento é restaurar a estação […] Há possibilidade de um trem. Nós queremos chamar Porto Platon, Serra do Navio, Pedra Branca do Amapari, porque é viável”, disse.
A representante explicou ainda que a ideia inicial é chamar a atenção das autoridades, após a discussão do assunto na Câmara de Vereadores de Santana.
“É só nós nos unirmos, chamar atenção do governo federal, estadual, municipal, para que a gente possa colocar nossas propostas viáveis de grupos de engenheiro, de arquiteto, de pessoas com expertise na área que participaram da história do trem e Santana”, completou Ester.
Luiz Antônio Gonçalves, também representante do movimento, disse que o intuito é resgatar a história da estrada de ferro, que vem se deteriorando com o tempo.
“Estamos tentando fazer igual em muitas cidades aí, tentar fazer um museu da ferrovia, onde a colocaria uma locomotiva, vagão de passageiro, caboose, uma litorina, os equipamentos que foram usados para a construção e conservação e transporte do minério de Manganês de Serra do Navio e Santana. A gente faz isso para ficar para as histórias. E quem andou, mata a saudade e quem nunca viu o trem rodando, vai ver”, disse.
Gonçalves explicou ainda que o movimento deve sair da audiência com um grupo de trabalho já firmado, para que o projeto siga em plano de desenvolvimento.
“Está convidado o Ministério Público, todos os órgãos do governo municipal estadual e dali a gente sair com um grupo para continuar esse debate, não ficar só na audiência pública, formar um compromisso e daí continuar e não deixar a ideia parar”, concluiu.
Sobre o trem e a ferrovia
Desde 2014, a estação e as locomotivas sofrem com o saqueamento e invasão. A área ao redor das ferrovias é tomada por moradores. Em 2021, foi levantada uma proposta de possível reativação, no entanto, o projeto não teve continuidade.
Os trilhos serviam de caminho para os trens que transportam minério extraído de Pedra Branca do Amapari, no interior do estado até Santana, na Região Metropolitana de Macapá.
Segundo a Setrap, que trabalha com a Estrada de Ferro do Amapá desde 1981, o abandono do patrimônio ocorreu a partir de problemas ocorridos após a posse da mineradora Zamin, em 2013.
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