Compra da Bamin volta a ganhar tração

Valor Econômico – Depois de uma esfriada nas negociações em torno do projeto da Bahia Mineração (Bamin), Vale, Cedro Participações e BNDES voltaram a dar ritmo às conversas pelo complexo logístico, segundo apurou o Pipeline, o site de negócios do Valor. O que ficou definido, no momento, é que as partes estão dispostas a avançar na operação envolvendo mina e ferrovia, mas querem encontrar um dono para o porto. As companhias têm conversado com grupos árabes e chineses, acenando com o chamariz de um contrato de garantia firme (“take or pay”) para o transporte de minério de ferro.

O projeto da Bamin consiste em uma mina para produção de minério de ferro com capacidade de 26 milhões de toneladas, em Caetité (BA), a conclusão de um trecho da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol) e a construção de um terminal portuário em Ilhéus, também na Bahia. Estimativas indicam que o investimento total no empreendimento poderia superar os R$ 30 bilhões. A Bamin é controlada pela Eurasian Resources Group, do Cazaquistão, que vem tentando encontrar um comprador para o projeto.

As discussões em torno da Bamin têm enfrentado idas e vindas. A Brazil Iron, que também tem interesse na operação, chegou a fazer uma oferta, mas não avançou em exclusividade.

Projeto da Bamin teve idas e vindas e encontra no governo federal um forte entusiasta

Nos bastidores, as informações são que o governo federal pressiona para que o projeto vá adiante e gostaria que fosse desenvolvido pela Vale. O presidente da companhia, Gustavo Pimenta, já admitiu, publicamente, que a Bamin é um dos projetos analisados pela empresa. Mas a direção da Vale nunca estipulou prazos para tomar qualquer decisão no caso Bamin.

O tema é tratado nas áreas técnicas e na diretoria da mineradora, mas ainda não foi apreciado pelo conselho de administração, apurou o Valor. Os estudos envolvem análises geotécnicas para avaliar o tamanho das reservas e o teor de ferro.

Procurada, a Vale remeteu ao último comunicado ao mercado sobre o tema Bamin, em que diz que “avaliações de oportunidades de investimento são exercidas no curso regular de suas atividades.”

A união de esforços entre Vale, Cedro e BNDES seria uma forma de viabilizar o projeto. A Cedro não tem capacidade de executá-lo sozinha, enquanto Vale e BNDES não teriam disposição de assumir todo o risco. O banco poderia, eventualmente, entrar com equity e também financiar o projeto, dizem fontes.

Um dos receios do mercado é que, por pressões políticas, a Vale possa investir em um projeto que “destrua” valor da companhia. Uma pessoa próxima à mineradora disse, porém, que um potencial investimento da Vale na Bamin só se justificaria desde que fizesse sentido em termos de retorno. No período de crescimento e alta do minério de ferro, na primeira década dos anos 2000, a mineradora fez investimentos em ativos no exterior que resultaram em perdas e terminaram vendidos, alguns até por valor simbólico.

Faria mais sentido para a Vale, dizem especialistas, investir na expansão e na abertura de minas novas em Carajás, no sudeste do Pará, onde há reservas com alto teor de ferro e infraestrutura disponível. O problema é que a mineradora e o setor esperam há tempos por um decreto de cavidades, por parte do governo federal, que regulamente a mineração em áreas de cavernas, onde há fauna e flora que precisam ser preservadas. Até hoje, não houve edição desse decreto.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2025/06/12/compra-da-bamin-volta-a-ganhar-tracao.ghtml

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