Valor Econômico – O governador da Califórnia, Gavin Newsom, anunciou na quinta-feira (17) que o estado irá à Justiça contra a decisão do governo Trump de cancelar cerca de US$ 4 bilhões em repasses federais para o projeto de trem-bala que ligaria Los Angeles a San Francisco.
A ação foi apresentada pelo órgão responsável pela iniciativa, a California High-Speed Rail Authority, que acusa o governo federal de agir de forma “arbitrária e caprichosa”. Segundo Newsom, o corte é “ilegal” e tem motivações políticas, em meio ao avanço das obras no trecho inicial de 275 km entre Bakersfield e Merced, no Vale Central da Califórnia.
O secretário de Transportes dos EUA, Sean Duffy, defendeu o cancelamento. “Precisamos encerrar esse projeto”. Um porta-voz acrescentou: “Nos vemos no tribunal, Gavin”.
Financiado inicialmente por uma emissão de bônus aprovada pelos eleitores em 2008, o projeto já construiu mais de 50 estruturas (como pontes e viadutos), gerou cerca de 15.500 empregos e finalizou 113 km de via. A instalação dos trilhos, segundo a autoridade ferroviária, ocorre apenas após a conclusão da infraestrutura.
Ainda assim, o projeto sofre críticas por atrasos e estouros de orçamento. A previsão inicial era de conclusão até 2020, com custo de US$ 33 bilhões. Agora, estima-se que o valor possa chegar a US$ 128 bilhões, com operação prevista apenas para 2033.
Um relatório federal recente apontou falhas na gestão do projeto, o que foi contestado pelos responsáveis na Califórnia, que dizem haver avanços significativos.
A ferrovia pretende reduzir 200 milhões de milhas rodadas por veículos nas estradas (cerca de 322 milhões de quilômetros), o que ajudaria a reduzir as emissões de gases do efeito estufa no estado. A segunda fase prevê estender a linha até Sacramento, ao norte, e San Diego, ao sul. Um projeto separado pretende ligar Los Angeles a Las Vegas.
O embate sobre o projeto é mais um sinal do atrito contínuo entre o presidente americano Donald Trump e o governador Newsom, possível candidato democrata à presidência em 2028. Em 2019, o governo Trump já havia tentado revogar US$ 929 milhões em repasses, valor que foi restaurado em 2021 sob o governo de Joe Biden.
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