Metrô CPTM – As cenas de plataformas lotadas, trens circulando com portas abertas e até descarrilamentos e um choque com uma barreira são lembranças amargas da transição operacional das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda entre CPTM e a ViaMobilidade.
Foram meses de problemas, acusações mútuas entre governo e concessionária, intervenção do Ministério Público e por fim a assinatura de um acordo de investimentos extras para compensar multas e até mesmo um possível fim da concessão.
Hoje em dia, a ViaMobilidade já conseguiu sanar muitos desses problemas iniciais, trouxe 36 novos trens para a operação e aos poucos deve entregar melhorias que farão o serviço das linhas 8 e 9 cumprir a promessa de evolução feita pelo governo do estado. Mas o trauma ficou.
Diante dessa situação, tem chamdo a atenção a gestão inicial da TIC Trens. A empresa, que tem como sócios o Grupo Comporte e a chinesa CRRC, está perto de assumir a Linha 7-Rubi da CPTM, dentro de um pacote que também inclui os inéditos serviços “Trem Intermetropolitano” (Jundiaí-Campinas) e Trem Intercidades (São Paulo Campinas).
Já a partir de 28 de agosto, a nova concessionária passará a operar sob supervisão da CPTM o ramal de trens metropolitanos entre Barra Funda e Jundiaí, desmembrando o elogiado Serviço 710 (que une as linhas 7 e 10-Turquesa).
Três meses depois, em 26 de novembro, a TIC Trens estará sozinha à frente da operação e é este o momento crítico da transição.
Diante do caos visto no começo de 2022 nas linhas 8 e 9, a TIC Trens tem atuado de maneira mais cuidadosa e se preparado para não repetir a mesma situação.
Sugere essa evolução o fato de empresa já ter colocado em prática várias ações importantes como a formação de funcionários e multiplicadores há bastante tempo, a aquisição e recebimento de veículos de manutenção, críticos à operação, e a contratação de pessoas experientes para postos chave.
Entre eles está o atual presidente da concessionária, Pedro Tegon Moro, que deixou posição semelhante na CPTM, para liderar o projeto.
Postura transparente até aqui
São pontos que demonstram que a TIC Trens pretende evitar as deficiências apresentadas pela ViaMobilidade em seus primeiros meses à frente das linhas 8 e 9, quando havia funcionários despreparados, ausência de equipamentos vitais e um certo desconhecimento da infraestrutura herdada.
Além disso, a futura operadora da Linha 7-Rubi tem se diferenciado de outras concessionárias por até aqui mostrar uma postura transparente com a imprensa especializada.
Um recente encontro com Pedro Moro e os sites de mobilidade urbana revelou um cuidado incomum com esses formadores de opinião, incluindo o MetrôCPTM.
A despeito dos bons sinais mostrados até aqui, a TIC Trens terá que provar que a máxima “Treino é treino, jogo é jogo” não vai se repetir na Linha 7-Rubi. Imprevistos e situações como falhas técnicas devem ocorrer e caberá à empresa estar preparada para lidar com eles sem que os passageiros sofram com isso.
Afinal, a expectativa é que o serviço oferecido melhore para seus usuários.
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