Todas as
participações da carteira do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) são, na nova política do banco, passíveis de desinvestimento,
disse a diretora de investimento do banco de fomento, Eliane Lustosa. O banco
vem, inclusive, conversando com potenciais interessados em aquisições, muitos
deles estrangeiros.
Para que o
banco possa ter uma postura mais ativa em investimentos relevantes que possui
em companhias, para poder ter a alternativa de uma venda estruturada fora da
bolsa de valores, por exemplo, o BNDES aguarda a finalização de uma normativa
interna, que regulará esses processos de venda para um investidor estratégico,
por exemplo.
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Sem essa
política em seu arcabouço, o BNDES pode, atualmente, vender suas participações
em operações em bolsa ou em movimentos semelhantes à operação de incorporação
da Fibria pela Suzano, transação na qual o banco de fomento decidiu acompanhar
o movimento que foi liderado por outro controlador da Fibria, o grupo Votorantim.
A venda das ações na Eletropaulo, por sua vez, outro desinvestimento do banco
recente, foi feita em uma oferta pública de aquisição (OPA), que foi muito
competitiva, com mais de um interessado.
No momento
em que o banco puder tomar a dianteira para os desinvestimentos, Lustosa
afirmou que fatias relevantes em empresas poderão ser vendidas a investidores
estratégicos mediante um pagamento de prêmio em relação ao preço considerado
justo pelo banco. Para essa política de vendas estruturadas, o BNDES travou
conversas com bancos de investimento, por exemplo, e ainda com o Tribunal de
Contas da União (TCU).
Questionada
se o banco poderá vender suas ações da Light, em uma eventual oferta de ações,
Lustosa respondeu genericamente, mas disse que em empresas em que o banco
acredita que o preço justo não foi atingido a decisão poderá ser de aumento da
participação, utilizando o direito de preferência, se houver, e esperar, depois
disso, um momento mais adequado para o desinvestimento. Hoje o BDNES possui R$
84 bilhões de sua carteira de investimentos em renda variável, havendo uma
grande concentração em grandes nomes como JBS, Vale, Eletrobras, Petrobras e
Fibria.
O desejo,
conta a diretora do BNDES, é reduzir a fatia do banco nas empresas abertas e
ampliar em investimentos em fundos de crédito, os FDICs, em empresas fechadas,
com externalidades presentes em sustentabilidade, ambiental e infraestrutura.
Expectativa
é de que caixa em venda de Fibria entre ainda neste ano
O banco
espera que a entrada do caixa proveniente da venda de sua participação na
Fibria, de R$ 8,4 bilhões, ocorra ainda neste ano. O fluxo chegará após a
aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O banco de
fomento esperava inicialmente que o caixa pudesse entrar até o fim do primeiro
trimestre do ano que vem.
Segundo
Eliane Lustosa, o entendimento recente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
foi um passo importante para a concretização da operação, que passará na
quinta-feira, dia 13, pelo crivo dos acionistas, em assembleia geral.
Lustosa
destacou que o BNDES tem em sua política trabalhar pelo melhor interesse da
companhia e de forma equânime com acionistas e que no caso da incorporação da
Fibria pela Suzano o entendimento foi de que a operação foi justa. “O
entendimento é que nesse caso o banco atuou como um banco de referência e na
nossa visão a negociação foi justa”, afirmou, antes de participar de painel do
Congresso dos fundos de pensão, organizado pela Abrapp.
Por maioria,
o colegiado da CVM decidiu que não há ilegalidades no processo de incorporação
da Fibria pela Suzano. Grupo de minoritários questionaram os moldes da
operação, que obriga os acionistas da Fibria a venderem parte de suas ações em
dinheiro, tirando qualquer alternativa por parte do acionista. O acordo prevê
que cada acionista da Fibria receberá para cada ação ordinária da companhia, R$
52,50 e 0,4611 ação ordinária da Suzano.
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