O novo
presidente da CCR, Leonardo Vianna, afirmou ontem que os problemas das
licitações de infraestrutura começam na viabilidade dos projetos. “Nenhum
investidor vai entrar [no negócio] se não tiver sua viabilidade assegurada. E
tudo começa com um estudo de viabilidade prévio antes da licitação. Hoje, vemos
dificuldade muito grande nesse tipo de negócio”, afirmou Vianna, durante o
6º Fórum Lide de Infraestrutura, Logística e Mobilidade, em São Paulo.
Foi o
primeiro evento público do qual o executivo participou desde que assumiu a
presidência da CCR, no início do mês, no lugar de Renato Vale.
De acordo
com Vianna, as PMIs (Procedimento de Manifestação de Interesse) – mecanismo
pelo qual os governos convocam empresas a fazer estudos de viabilidade para
projetos que podem resultar em parcerias – “funcionam até bem, mas existem
algumas imperfeições”.
Entre elas,
citou que é natural o governo juntar partes de estudos apresentados por
“três, quatro empresas”, o que resulta em um
“Frankenstein”. Por isso, defendeu que o governo tenha mais
flexibilidade para contratar estudos.
Vianna
também reivindicou financiamento de longo prazo para além do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tradicionalmente o maior
financiador da infraestrutura brasileira.
Especificamente
sobre mobilidade urbana, o executivo defendeu a criação de uma autoridade
metropolitana, visto que o modal perpassa várias regiões. E reivindicou
garantias do poder público para esse tipo de projeto, que exige aportes
públicos dada a dimensão dos investimentos.
Ontem a CCR
divulgou balanço referente ao segundo trimestre, em que registrou lucro
atribuído aos sócios da empresa controladora de R$ 277,7 milhões, queda de
58,4% na base anual.
O recuo se
deveu a um conjunto de fatores, sendo o principal deles a incidência de efeitos
não recorrentes das aquisições de participações nas concessionárias ViaQuatro e
ViaRio no ano passado. “Isso levou a uma reavaliação dos ativos, com
impacto de R$ 361,8 milhões no lucro líquido e de R$ 548,1 milhões no Ebitda
[lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização]”, disse ao
Valor Marcus Macedo, gerente de relações com investidores da CCR.
Considerando
na mesma base – sem a inclusão de novos negócios e efeitos não recorrentes -, o
lucro líquido foi de R$ 300,9 milhões, queda de 5,2%.
A receita
líquida no trimestre teve leve alta de 0,5%, para R$ 2,34 bilhões. Excluindo o
custo de construção, a receita cresceu 1,7% no período, alcançando R$ 1,87
bilhão. O Ebitda caiu 35,6% no trimestre, para R$ 1 bilhão.
A dívida
líquida consolidada subiu de R$ 11,8 bilhões no fim do primeiro trimestre para
R$ 12,9 bilhões em junho, principalmente devido à aquisição do projeto
ViaMobilidade, que compreende o contrato de concessão da Linha-5 do Metrô,
assinado em abril. A outorga, paga no mesmo mês, foi de R$ 553,9 milhões. Isso
ajudou a elevar a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e
Ebitda, que saiu de 2,2 vezes no primeiro trimestre e alcançou 2,7 vezes no
segundo.
O tráfego
nas rodovias da CCR caiu 5,5% no segundo trimestre ante a base anual, para 226
milhões de veículos equivalentes. A suspensão da cobrança do eixo suspenso dos
caminhões – medida que atendeu a reivindicações de caminhoneiros
– reduziu em R$ 25,9 milhões a receita de
pedágio no trimestre. Segundo Macedo, a perda reflete o período de um mês e
dois dias em que a determinação vigorou no trimestre.
Fonte: https://www.valor.com.br/empresas/5736229/ccr-defende-flexibilidade-na-contratacao-de-estudos
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