Encomendas do Chile “salvam” o ano
da indústria de carros

O volume de fabricação e entrega de carros de passageiros cresceu este ano em relação a 2017 (369 carros contra 312) por conta de encomendas do exterior. Em 2018, foram exportadas 85 unidades para o Chile e África do Sul. Ambos os contratos são da Alstom: um com o Metrô de Santiago, no Chile, que encomendou 166 caixas de aço inoxidável, com prazo de entrega até setembro de 2020; outro com a estatal Prasa, da África do Sul, cuja primeira leva (de 20 trens de seis carros) foi produzida na unidade da Lapa. O restante (580 trens) será produzido em uma fábrica em construção no país africano.

“Só não
houve uma redução maior na mão de obra devido às novas exportações e à execução
de serviços de modernização de trens e fabricação de carros remanescentes de
contratos nacionais que estão se encerrando neste ano”, afirmou o
vice-presidente do Simefre, Luiz Fernando Ferrari, durante a apresentação do
balanço da entidade, realizado ontem, em São Paulo. Para 2019, a previsão do
Simefre é que o volume de produção seja de 120 carros, sendo dois terços para
exportação.

 

Licitação argentina

 

Segundo Ferrari, continua a expectativa da indústria nacional de
participar, ainda em 2018, da licitação de trens na Argentina, que agora está
prevista para ocorrer no dia 26 de dezembro. Esse é o terceiro prazo dado pelo
governo argentino, que vem adiando o início da licitação (a data anterior para
o lançamento do edital era 11 de outubro).

O
presidente da Abifer, Vicente Abate, disse que a proposta original, de compra
de 169 trens (1.352 carros), foi modificada em função da crise econômica
argentina e agora está prevista a aquisição de 70 trens (de oito carros cada).
“O edital anterior foi eliminado e essa é a base da licitação atual”.

De
acordo com Abate, foram feitas reuniões, nas últimas semanas, com
representantes do BNDES e de órgãos do governo como a Secretaria de Fazenda. O
apoio do banco com taxas de juros mais competitivas é fundamental para
a  indústria brasileira, já que pelo menos 85% da venda precisará de
financiamento, segundo regras do edital. “Já há uma sinalização interna de que
o apoio vai acontecer”, disse.

Ferrari
declarou, por sua vez, que pode ser que o novo governo federal mude as
condições do financiamento, mas que a expectativa é de que a indústria irá
participar da licitação em condições competitivas. “Uma vitória é
importante para a indústria nacional, que vem operando com 90% de ociosidade no
setor de passageiros e que não tem nenhuma nova encomenda no mercado
doméstico desde 2017”.

 

Carga

 

No segmento de carga, os volumes de produção e entrega de veículos
caíram em 2018 na comparação com 2017. Segundo Vicente Abate, deverão ser
entregues cerca de 2.500 vagões de carga, sendo 50 exportados para o Peru
(contra 2.878 em 2017) e 64 locomotivas, duas exportadas para a Colômbia
(contra 81 em 2017). A exportação de rodas ferroviárias e grampos de fixação
teve continuidade, em volumes estáveis. O faturamento total do setor deve
atingir R$ 6,5 bilhões em 2018, segundo ano consecutivo de queda.

“É de
vital importância que as assinaturas de todos os contratos de renovações
ocorram no primeiro semestre de 2019. Caso isso não aconteça haverá mais
dispensa de mão de obra qualificada na indústria, assim como atrasos
significativos nos investimentos planejados pelo setor, pois os volumes de
vagões e locomotivas serão os mais baixos dos últimos anos”, disse Abate. 

Para
2019, estima-se produção de 40 locomotivas (sendo cinco para exportação) e
1.500 vagões. “Esperamos que o novo governo, tanto no Ministério da
Infraestrutura quanto no de Desenvolvimento Regional, crie as condições para
que o setor ferroviário seja destravado, já em 2019, para que em 2020 a
indústria ferroviária possa apresentar maiores volumes que os previstos no
próximo ano”, concluiu o presidente da Abifer.

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