Em busca de alternativas para financiar projetos em
infraestrutura após o encolhimento da atuação do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o governo começou nesta
segunda-feira, 26, a receber inscrições de projetos de candidatos a financiamento
ou até sociedade pelo Fundo Brasil-China de Cooperação para Expansão da
Capacidade Produtiva. A abertura ocorreu no meio da tarde, para dar condições
isonômicas a empresários nacionais e chineses.
O fundo, lançado em 2015 com valor de US$ 50 bilhões, ficou
em US$ 20 bilhões, sendo US$ 5 bilhões do lado brasileiro e US$ 15 bilhões do
chinês. Trata-se de uma experiência inédita para os países. Diferentemente dos
outros 15 oferecidos pela China, esse fundo tem gestão paritária, com três
votos de cada lado. Além disso, os chineses abriram mão de exigir que os
projetos financiados contratem construção ou comprem equipamentos chineses.
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“O ganho é a ponte que vamos fazer com a China”, destacou o
secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento, Jorge
Arbache, que ressaltou a demonstração de confiança dos asiáticos. “Eles não têm
isso com nenhum outro país. Acham que aqui tem boas oportunidades, mas também
que o Brasil era o melhor candidato para criar junto algo novo.”
A China vai usar essa experiência para replicar em outros
países da América Latina, segundo o embaixador do país no Brasil, Li Jinzhang.
“E suspeito que o fundo vai inspirar o relacionamento de outros países com o
Brasil”, disse Arbache. O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, disse ao
Estadão/Broadcast na última sexta-feira que Itália e França já demonstraram
interesse em fazer algo semelhante.
Não se trata da alocação de recursos públicos e sim de uma
fórmula pela qual os governos dos dois países darão uma espécie de selo de
qualidade para que bancos dos dois lados entrem com financiamento ou
participação. Do lado do Brasil, a preferência será dada para a Caixa e o
BNDES. Do lado chinês, será o Claifund, fundo de investimentos para a América
Latina.
As taxas de juros serão determinadas a cada projeto. O
financiamento poderá chegar a 100%. Os recursos emprestados pelos bancos
brasileiros serão em reais e os chineses, em dólares. Os principais candidatos
são projetos em infraestrutura.
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