A retomada do
crescimento do Brasil passa, necessariamente, por investimentos em
infraestrutura. Ao menos dois motivos contribuem para isso. Primeiro, quanto
maior o aporte de recursos nesse setor, mais dinheiro estará em circulação na
economia e cresce a arrecadação de impostos. Segundo: estradas, portos e
aeroportos eficientes se traduzem em produtividade.
Esse é também o entendimento da maioria da população. Uma
pesquisa da Ipsos MORI sobre o tema aponta que para 76% dos brasileiros é
fundamental investir em infraestrutura para o crescimento econômico do país.
Oito em cada 10 entrevistados também consideram que projetos na área podem
ajudar na criação de novos postos de trabalho, enquanto 73% concordam que o
setor colabora para o crescimento econômico de longo prazo.
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Atrair investidores é um desafio quando o país está em
crise, já que o chamado Custo Brasil tende a crescer. Mas aumentar a qualidade
da infraestrutura de transportes é justamente uma ferramenta para superar esse
problema. “Ter estradas, portos e aeroportos funcionando diminui o Custo
Brasil”, aponta o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano
Pires. Ele chama atenção para os benefícios aos cidadãos, que podem se deslocar
mais facilmente, além de ampliar a oferta de emprego e impactar setores fortes
da economia, como o agronegócio.
Para Pires, é necessário mudar a visão de que a
infraestrutura é responsabilidade apenas do estado. O poder público deve fazer
o trabalho de atrair novos investidores, do Brasil ou de fora, criar os marcos
regulatórios para as concessões e fiscalizar a atuação das empresas, para que
entreguem as necessidades dos usuários e do país.
Investimentos e modernização
O crescimento sustentável dos investimentos e a modernização
no setor de transportes nos últimos anos têm garantido bons resultados. O Grupo
CCR, por exemplo, aplicou, somente em 2016, R$ 4,028 bilhões em mobilidade e
infraestrutura no Brasil, em modais como o rodoviário, metrô, VLT, barcas e
aeroportuário. O grupo administra 10 estradas, quatro aeroportos, dois sistemas
de metrô, um VLT e as barcas do Rio de Janeiro.
Harald Zwetkoff, presidente da ViaQuatro, empresa do Grupo
CCR que administra a Linha 4 do metrô de São Paulo, aponta a importância do
estímulo às parcerias entre setor público e o privado como alternativa à
retomada do crescimento. “É urgente um esforço conjunto para repensar o
posicionamento dos entes públicos, ampliando sua contribuição nos assuntos
estratégicos, de promoção do crescimento e da produtividade, em especial com
relação à evolução do modelo de concessões e parcerias público-privadas”,
comenta.
A mesma orientação está no relatório do Banco Mundial de
maio de 2017, que aponta que os países da América Latina têm grande potencial
para aumentar as PPPs e contribuir para reduzir o déficit de infraestrutura.
“Quando bem concebidas, as PPPs proporcionam maior eficiência e
sustentabilidade aos serviços públicos. À medida que a região emerge de seis
anos de desaceleração econômica, as PPPs podem ajudar a impulsionar os
investimentos em infraestrutura e fortalecer o crescimento”, diz Jorge
Familiar, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe.
Planejamento e aumento da produtividade
Entre as ferramentas para superar a crise está o aumento da
produtividade. E com a retomada do processo de crescimento e a urbanização do
país, o setor de transportes será fundamental, através da implantação de meios
de alta capacidade. A integralidade dos sistemas será muito importante.
“Especialmente no setor de mobilidade urbana, os
investimentos em melhoria da infraestrutura de transporte sobre trilhos são
altos, mas a longo prazo auxiliam o país a superar a crise, pois representam
economia em diversos setores da sociedade”, justifica Harald Zwetkoff.
É preciso levar em conta o planejamento da malha de
transporte e a definição dos modais mais adequados para cada situação, o que
ajuda na otimização dos investimentos. Isso faz com que os sistemas com menos
capacidade, como táxis, micro-ônibus e ônibus, ajudem na capilaridade para
alimentar os sistemas nos grandes corredores, como monotrilhos, VLTs, BRTs e
metrôs.
Um bom exemplo disso está no Rio de Janeiro. A construção do
VLT mudou a paisagem da região central, levou investimentos e melhorou a mobilidade
urbana. Ele se conecta ao metrô e liga o Aeroporto Santos Dumont à Rodoviária
Novo Rio. A cidade foi a que mais recebeu investimentos proporcionalmente em
infraestrutura por causa da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos. Os eventos se
foram, mas os benefícios ficaram para a população.
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